Não se detenha despercebido com o cotovelo na janela,
esperando a vida chegar,
nem fique na espreita em circunspecção avaliando alguém,
ou em acinte narrando inverdades,
avaliando coisas, e o que os outros têm.
Não se coloque com o cotovelo na janela,
conjecturando o sucesso dobrar a esquina e cair em seus braços,
e nem se posicione como se a vitória não lhe trouxesse cansaço,
e que os combates diários serão brandos, afáveis,
e o mundo complacente com você.
Não plante seu cotovelo na janela, mas... se o fizer,
que seja para ver quem chegou,
e abrir a porta aos amigos, ou a um grande amor.
Saia da janela... ela não é, e nem será o palco da sua vida,
deixe passar por ela apenas os raios de sol, propondo esperanças,
ou o vento a galope celebrando e aclamando seus sonhos de criança.
Tire o cotovelo da janela, saia para viver o grande teatro que é a vida,
encene seu papel, apresente sua face, seu riso, destile emoção,
combata suas intrigas intimas, suas próprias paixões perdidas,
sua busca incessante... da própria alma... encontre-se.
Mas que seja em campo aberto, na rua, nas avenidas, nas calçadas,
no palco da vida... e que pare de esconder de você mesmo,
de temer seus fracassos, os amores dissolutos, os beijos esquecidos.
Reinicie sempre, configure novos sonhos, novas lutas.
E ao aproximar da janela, que seja somente pelo lado de fora.
E que em serenata possa declarar o amor que tímido,
escondeu toda a sua vida... por ela.
Ari Mota