terça-feira, 27 de agosto de 2013

O DOM DA TRAVESSURA...DE SEMPRE TENTAR

Para... aos que tenho amor,
tente... quantas vezes... necessário for.
E todas as vezes que perceberes a lonjura do caminho,
feche os olhos, como quem procura... com quem andar,
eu estarei em quietude ao seu lado, me espie em ilusão,
não cisme que está indo sozinho.
A vida foi-me acontecendo assim...
e fui me edificando, como se não fosse a outro lugar,
e depois de vaguear por um tempo, perdido...
entre a duvida e a incerteza,
e brincar de medo... em noites de solidão,
e por diversas vezes,
assustar com os relâmpagos em noites de temporal,
e encolher-me... com a minha timidez,
e temer a escuridão,
eu fui me encontrando, ultrapassando as fronteiras de mim.
Eu pensei que não tinha um dom... até que descobri um:
a ousadia de nunca arrefecer...
a travessura de sempre tentar.
Para... aos que tenho amor,
tente... quantas vezes... necessário for.
Virei silêncio... ando ouvindo os sons da minha alma,
aprendi a orar.
Não sou mais tormento, virei calmaria,
ando reaprendendo a me replantar em todos os lugares.
Sigo-te... se fores nas estrelas, ou arriscar nos mares,
se fores tocar violino nas montanhas,
ou bebericar nos bares.
Tente... quantas vezes... necessário for,
mas, faça tudo... ter amor.
Eu gosto é dos que sonham em demasia,
ficam resiliente ao desabrigo,
e de atrevimento se contagia.
Minha alma não tinha asas, até que um dia...
um anjo... emprestou as suas,
passei a esvoaçar, pelo universo, belos becos,
pelas ruas,
aplaudindo aqueles que...
tem o dom da travessura...
de sempre tentar.
Eu amo quem continua.

Ari Mota




sábado, 17 de agosto de 2013

REBROTAR

Depois de tudo...
Eu quero é rebrotar.
Por vezes...
Tive pressa, para não chegar a lugar nenhum,
e, fugazes foram os beijos... e não amei ninguém.
Ensaiei em demasia... abraços, e não consegui repartir a alma,
apropriei-me de um andar sozinho e de uma descabida solidão,
por vezes pedi licença... para passar com a minha dor,
e fiquei neste vaivém.
E depois de tudo... por vezes... e não faz muito tempo,
absorto num mundo que achava ser só meu,
vi que estava à procura de plateia.
E como temia o abrir das cortinas, da minha odisseia,
esperei os aplausos e nada disso aconteceu.
Mas, bom mesmo... é que dei um basta nesta ilusão.
Depois de tudo...
Fiz uma reengenharia das minhas fronteiras, saí de mim, sou o que sou,
e na descoberta vi que estou em tudo, em todas as partes,
parei de ser irresoluto... hoje só vou.
Hoje... por vezes reclamo licença... para passar com as minhas certezas,
descobri que o medo devora os sonhos,
e o excesso de desassossego distancia-me da energia que carrego,
provoca inquietação.
Hoje... peço ao universo que me permita... rebrotar.
Lido melhor com o meu silencio... que, com as minhas palavras,
a linguagem da minha alma é a contemplação.
Há!... sei que não vou conseguir salvar o meu corpo que se acabe,
mas, resiliente, cresço todas as manhãs,
estico a alma, a norteio... para o melhor de mim,
escoro-a com a sutileza dos meus sonhos, não a permito que desabe.
Bem sei... andei a remendando, costurando-a pelo caminho,
a teci com coragem e com ela... enfrentei vários vendavais,
e este sou eu... esta é a minha alma, sem cicatriz, nem espaço abissais,
a liberto das coisas pequenas... e existir é uma grandeza sem fim.
Depois de tudo...
Eu quero é rebrotar... com todo o fervor:
“que o universo me replante ao lado das pessoas que hoje amo,
                      faria tudo novamente... como fiz,
                               e as amaria como sempre amei,
                                                   com todo o meu amor”.
                                                              Ari mota