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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

DESCONFIGURAR A ALMA


Quando pela madrugada, a insônia acomodar-se... ao seu lado,
e lhe vier fazer companhia, e de súbito encontrar-se sozinho,
olhando para a tela fria de um computador,
e a solidão encostar como uma amante desvairada no seu ombro,
assentar descomprometida em seu colo, em desalinho,
afagar seu rosto e confidenciar que te ama,
e lhe chamar de amor,
pode e deve entrar em desespero, se não suportar a dor.
Solidão é sentir o que não mais existe, é presenciar a ausência,
às vezes de si mesmo.
Mas, se uma lagrima rolar fase abaixo, num mergulho visceral,
e o soluço incomodar o silêncio que você precisa,
e um ardume brotar peito afora, dilacerando a calma.
É hora de desconfigurar a própria alma,
revisar o que assimilou, construiu, conceituou.
Tente historiar o próprio existir,
óbvio... terás que voltar, sondar o passado.
Remover... magoas, ressentimentos,
repaginar os sonhos, desmistificar os medos, e voar.
Pode ser para dentro... dentro de você mesmo, e te encontrar.
Tens na verdade... repartido seus vazios com os outros,
e agregado os deles... aos seus caprichos,
tens acessado a impolidez virtual, e as neuras coletivas,
e aceitado a estúpida descortesia dos que querem nortear seu rumo,
seus vôos.
Remova todo e qualquer resíduo de incerteza,
e ao desconfigurar a própria alma, por analogia,
formate-a criando uma nova interface, entre você e seu destino,
talvez lhe falte o risco de substituir a rudeza,
e ter um olhar para o mundo e para você mesmo, com mais delicadeza.
A fugacidade do tempo pode transformar tudo em agonia,
e sozinho... na madrugada, olhando em solidão para o monitor,
talvez, e possível é, olhar para a própria alma,
e colocar nela... mais,
amor.

Ari Mota