Tem brotado em minha alma um sentimento que não plantei,
irrompe de dentro, dilacerando como se cortasse a carne, dói.
Estreita o peito, e verte-se em lagrimas que rola face abaixo.
O tempo... cruel, não me fez esquecer o que passou, o que vivi,
trouxe-me de volta o passado, e despertou em mim a saudade.
Vez por outra desponta em minha frente, a rua da minha meninice,
continua nua, descalça, empoeirada, nas Minas Gerais.
Tempos de sonho, utopias, encontros, que não voltam mais.
Inda me lembro da pureza, e da inocência de um beijo,
de um abraço em noites frias, e de um perfume que até hoje exala.
Foi-se a candura de um menino, e a singeleza de uma adolescência.
Perdeu-se nos desvios da caminhada... os amigos, e os amores,
já não sento na praça, nem espio o voar das borboletas,
nem o frescor das madrugadas, e nem o aroma das flores,
o que sinto... além do silencio da alma... é somente a saudade.
Sinto saudade da juventude,
e da minha infinita inquietude.
Sinto saudade dos beijos que não dei,
e dos corpos que não abracei.
Sinto saudade das loucuras que não cometi,
e das bocas que não beijei.
Sinto saudade dos devaneios em noites de insônia,
e dos delírios em dias de solidão.
Mais... a mais bonita das saudades... ainda não aconteceu,
será o meu futuro, os meus sonhos que ainda não realizei.
Ari Mota