segunda-feira, 29 de setembro de 2025

SEGREDOS












Nada me foi absoluto.
Ora tudo me foi pequeno... curto,
outras vezes imenso... maior que eu,
e nem todos os lugares..., me foi abrigo,
nem todos os abraços transpuseram a pele,
nem todos os olhares me foram de ternura,
nem tudo me tocou a alma,
nem tudo..., pude, por fim, chamar de meu.
E eu que estive sempre a procura,
de novos sonhos, novas estradas,
e do que me adoece,
-com as vestes da minha resiliência,
descobri a minha cura.
 
De todas as escolhas..., e caminhos,
nada me foi fácil, alterei varias vezes a direção,
só cuidei que tudo fosse intenso até o fim,
que fosse a solitude a me ensinar...
a arte de amar a própria companhia,
e a não desistir de alguém, como fiz,
e encontrar esses amores que hoje eu tenho,
esses que escolheram  estar comigo,
ficar juntos das minhas silenciosas tempestades,
e me salvaram de ser invadido pela solidão,
floresceram comigo,
e tudo me foi um exagero..., um espanto,
fiquei até fluente em silencio,
e transitei por aí..., quase invisível,
sem nada contar a ninguém..., até se edificar,
e aí..., me bastei..., passei de mim.
 
De todas as lutas..., e incertezas,
e das vezes que tive que pegar a estrada e ir,
passei por tempestades sem chuvas e sem ventania,
como tudo se refaz... e o tempo não volta,
sem perguntar quantas vezes tinha que partir,
fui sem deixar fragmentos..., tinha que chegar inteiro,
recusei viver o passado, encerrei algumas histórias,
e nunca quis caber no mundo dos outros..., em fim.
Só..., cuidei do que estava aqui dentro,
e como sabia que poderia sangrar..., e eu não perceber,
amei o que em mim habitava,
escondia para ninguém saber,
e atrevido e insubmisso fui destruindo paradigmas,
essas cercas sociais, essas etiquetas que nos colam na pele,
abandonei essas regras..., fiquei livre,
e redesenhei-me..., sem se vitimar.
E sonhar e evoluir foram os meus segredos,
e se perguntares se ainda os tenho:
- estão todos guardados em mim.


 Ari Mota 


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