sábado, 9 de janeiro de 2010

AUSÊNCIA, SOLIDÃO E LOUCURA



Minha vida transcorreu em três tempos... todos simultaneamente.
Houve o tempo da ausência, o tempo da solidão, e o tempo da loucura.
Quando despertava para a vida, esses tempos apossaram-se da minha alma.
Procurei combatê-los incansavelmente, não consegui êxito, fui derrotado.
Passaram sobre mim, desesperadamente, fiquei em pedaços, fragmentado.
Quando o tempo da ausência aproximou dos meus dias, tive medo,
faltaram-me coisas, amores, amigos, perspectivas e sonho,
inexistiram caminhos, trilhas, fui acometido pelas incertezas e a duvida.
E quando o tempo da solidão veio abalroar minha existência,
imergi no isolamento, fugi das pessoas e do mundo, fiquei só.
Retirei-me do convívio, afastei de mim mesmo, escondi, corri, quase morri.
Perdi alguns amores, alguns dos melhores amigos, e o chão onde nasci.
E o tempo da loucura, sempre me abordava... desde menino... e eu não entendia.
Mas hoje, com os cabelos grisalhos, e a face envelhecida... é o melhor do meu tempo.
Assumi definitivamente a loucura...
E o tempo da ausência o transformei, no tempo do crescimento, fiquei maior,
foi a época que repus o que perdi, reconquistei coisas e amores, vivi.
E o tempo da solidão o transformei, no tempo do isolamento, realinhei minha vida,
assumi certas saudades, alguns vazios, certos descaminhos... compreendi.
Hoje estou no tempo da loucura...
Sou feliz... por ter sobrevivido aos percalços do tempo, não abro mão do riso, da alegria.
Tenho dançado... e sempre acompanhado de uma bailarina louca, e algumas borboletas.
Decidi ser feliz agora... hoje... minha alma e eu não permitimos a entrada da tristeza.
Não temos mais tempo para coisas pequenas...
Decidimos enlouquecer de amor pela vida... que nos resta.

Ari Mota

7 comentários:

Ana Cristina Quevedo disse...

Fui acompanhando teu pensamento e refletindo, pensando...
Terminaste de forma inenarrável...

Também quero enlouquecer pela vida.
Antes que ela me enlouqueça.

Bom domingo

Ana

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Ari
Lindo texto.

E o tempo da solidão o transformei, no tempo do isolamento, realinhei minha vida,
assumi certas saudades, alguns vazios, certos descaminhos... compreendi.

Como o compreendo, falta-me o tempo da loucura.

Beijinhos

Elaine Barnes disse...

Nossa amigo, como as histórias são parecidas né?! passei por esse processo também,ainda falta me dar mais prazer,sair...Dançar...chego lá, você me animou! bjão meu amigo te gosto viu!

Bruno Mota disse...

Caro Pai, caro Poeta.

Talvez a grande sacada da vida seja a capacidade de organizar nosso caos.

Beijos

Bruno Mota

Anônimo disse...

Oi Ari,

Talvez essa loucura que diz ter acometido seja, finalmente, ter aceitado os desafios que a vida oferece aos apaixonados como você. Lidar com a paixão requer tempo e paciência. Depois é só "curtir", como dançar, por exemplo. Porque "enlouquecer de amor pela vida" é o melhor prazer que se pode obter.

"...viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar como um eterno aprendiz..."

Essa felicidade não é para qualquer um... Precisa saber viver... Confesso que eu estou aprendendo..., mas quero chegar lá...

Beijos,
Ana Lúcia.

Maria disse...

lendo seu poema, parece que em alguns momentos, vc me fez reviver certos momentos que passei. tbm estou aprendedo a me deixar viver momentos de loucuras. abraços,obg.

Unknown disse...

Nos descaminhos e desencontros, nas explosões de insensatez, durante o desespero diante da ausência; os fragmentos que restam servem de alicerce para compreender a vida e nos colocar no devido lugar, por mais desconfortável e desolador, pelo menos resta a satisfação de ter feito algo, mesmo que somente ter Amado, agora o tempo é o senhor da razão...