terça-feira, 27 de abril de 2010

DIFERENÇA

Quando jovem ouvia todas as vozes,
e acreditava em todos os discursos, em todos
os sermões.
Apresentaram-me o mundo dos homens, as falácias sociais,
usaram de sofisma para descrever a vida, malograram
a história,
imputou-me a culpa, a duvida e regraram meus vôos.
Por tempos... tomaram por tema a igualdade,
e impuseram-me ser igual a todos, e todos igual a mim.
Quando jovem não pude compreender a iniqüidade
dos humanos,
na inocência acreditei que minha verdade estava com
alguém,
que meu caminhar era apenas seguir as trilhas deixadas
pelos caminhos.
Num entardecer lá nas Gerais, já abatido pela incerteza,
minha alma abraçou-me ternamente e falou-me das
verdades do existir.
Fui caminhar pelas Mantiqueiras,
que chuvosas ainda andam nos meus sonhos,
e deparei com as diferenças da natureza, as diversidades
das estrelas,
e tudo era desigual, uma era diferente da outra, aqui,
como nos confins do universo,
e tudo isso traduzia em beleza para os meus olhos,
calma para a minha alma,
harmonia para a minha jornada.
Quando jovem não pude compreender as diferenças,
hoje, as defino claramente em meu cotidiano.
E sei que não sou mais que ninguém,
e ninguém mais que eu,
somos diferentes no aspecto e na essência,
nos vôos e nas trilhas
que cada um segue
para encontrar
a sua verdade.

Ari Mota

10 comentários:

Elaine Barnes disse...

Esse texto é uma obra amigo. Muito emocionante e profundo. Quando jovens seguimos as trilhas deixadas pelos outros e na inocência absorvemos verdades que não são nossas. Com a maturidade aprendemos a separar as sementes e percebemos que todas são diferentes,cada uma tem o porque de existir,assim como nós. Montão de bjs e abraços

Anônimo disse...

Respeitar o caminho dos outros, seguir o seu sem atropelar o deles... Uma de suas coisas bonitas, Ari.

Abraço!

Denise disse...

Cada um escreve a própria história, abraçado pela sua alma a conduzir o caminhar, cujos passos tateiam o melhor chão...alguns no futuro lhe tocarão. Outros caminham, descrentes de que lá chegarão. Poucos alcançam seu destino, pq na jornada, o horizonte foi só um clarão.

São as diferenças que nos conferem identidade...e lembrando Almir Sater, "cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz"...ainda que seja mais à frente da juventude...

Beijo Ari Poeta!

Ana Cristina Cattete Quevedo disse...

Sábias palavras , Ari.
Aprender sempre, para caminhar com mais leveza...

Beijo

=)

Nara Sales disse...

Pra mim, começo a ver o mundo de verdade, pelos olhos da alma.

Cândida Ribeiro disse...

É mesmo Ari, meu amigo poeta de além mar,
quando percebemos que não há uma só verdade e começamos a percorrer o caminho para encontrarmos a nossa verdade a vida faz mais sentido e o nosso coração aquieta-se e sorri pelo novo despertar.

um abraço com muita luz

Bruno Mota disse...

Caro amigo, poeta e pai
Se me vise ao termino da leitura deste post
Eu estava de pé,
aplaudindo o que havia acabado de ler.
Beijos
Bruno Mota

Juliana Lira disse...

Arí

Caríssimo ainda estamos nessa especie de sinergia rsrsrs
Que coisa magica:

"nos vôos e nas trilhas
que cada um segue
para encontrar
a sua verdade."

Como é bom aprendermos com a caminhada o que em essência nos leva além, não é?

como tudo que vc escreve aqui ( e eu sou uma eterna admiradora) Muito lindo esse post

Milhões de beijos

Sonia Pallone disse...

Seu post como sempre delicioso de ler. Bjs.

orvalho do ceu disse...

Olá,
Bom é podermos encontrar um denominador comum,né?
Sempre em tentativas sucessivas de nos fazermos felizes e completos...
Abraços fraternos