sexta-feira, 28 de maio de 2010

EQUILIBRISTA


Minha vida fora em metáfora...
um cabo de aço estendido como destino.
Quando fui arrancado do ventre e deram-me a vida
para caminhar,
e a frieza do cotidiano envolveu meu corpo
e abraçou minha alma, tive receio de continuar.
A incerteza dos passos fazia-me estremecer ao todo,
ao vento, ao medo.
Sozinho... meus passos irresolutos... hesitava no andar,
temia a queda,
em vertigem apropriava-se de desejos irresistíveis...
de desistir, voltar.
Mas, em minha frente... a vida atraia-me,
seduzia-me pela aventura,
pelo imprevisto destemido do acaso,
pelo inusitado, o desconhecido.
E meus passos foram acentuando, cadenciando ao novo,
ao inesperado.
Minha alma abraçou-se com as intempéries do existir,
os deslizes, os desencontros, a friagem do desprezo,
o desamor dos homens.
E assim o meu atravessar pela vida...
fez de mim um equilibrista,
caminho com a força dos meus sonhos,
com o amor que carrego na alma,
e o equilíbrio de compreender as diferenças,
e a certeza de ter que continuar.
E a vida, em metáfora... deu-me como destino,
um cabo de aço como caminho.
Sou um equilibrista atravessando a vida
por amor.

Ari Mota

4 comentários:

Denise disse...

Meu amigo, acho que já falei sobre uma parte do texto içar a alma da gente e apreendê-la, e embevecida, dela ficar cativa. Hj ressalto...

"[...]caminho com a força dos meus sonhos, com o amor que carrego na alma, e o equilíbrio de compreender as diferenças, e a certeza de ter que continuar."

Magistral, tão lindo que peço licença para levar comigo...

Bjos

Marcello Lopes disse...

Ari, como sempre sensacional.

Parabéns.

Cândida Ribeiro disse...

Amigo poeta,

sem a tua força e o teu amor não seria possível continuares a caminhar.
O despertar da tua consciência fez de ti um ser humano lindo.
Continua... a vida ainda tem muito para te oferecer.

Abraço-te com muita paz

maria claudete disse...

"sou um equilibrista atravessando a vida por amor."
Síntese perfeita dos versos que revelam sua alma de poeta sensível. Abraços.