quarta-feira, 26 de maio de 2010

ENCONTRAR



Quando a juventude refletia em meu rosto beleza,
e a vitalidade pulsava como um temporal em minhas vísceras,
e a força fazia morada em meus músculos,
e minha apresentação no palco da vida era na íntegra, por inteiro.
Minha concepção de solidão era outra, tinha um outro ângulo,
entendia que tinha que estar com pessoas, estar inserido em uma tribo,
e que não poderia transitar pelas ruas, pelos bailes da vida,
pelas calçadas... sozinho... sem ninguém.
Isto eu chamava de solidão...
E procurei abrigo em outros olhares, em outras almas.
Ao longo dos anos amenizei o convívio, criei relacionamento,
convivi harmoniosamente, mas... continuava só.
Foi quando o tempo invadiu os meus sonhos,
brincou com os meus cabelos, os deixou pálidos,
tatuou em minha face sua marca.
Hoje, o tempo reflete em meu rosto leveza,
e a vitalidade que pulsa visceralmente é a energia da minha alma,
e a força da vida, indelevelmente é o meu silencio.
Não fugi do palco da vida, apenas...
Recolhi-me... refugiei-me em mim mesmo.
Retirei-me de outros olhares, eu me vejo.
Abriguei-me... dentro de mim mesmo,
da minha alma.
E não é solidão...
apenas me encontrei.

Ari Mota

4 comentários:

Maria disse...

OLÁ, ARY
MUITAS VEZES ME ACHEI NESSA " SLIDÃO", MAS NÃO ME OLHAVA NO ESPELHO. HOJÉ ME VEJO, NÃO SUPERIOR A OUTROS SERES, MAS TÃO CAPAZ QUANTO. É PRECIOSO QUANDO OLHAMOS PRA DENTRO DE NÓS MESMO. DESCOBRIMOS VERDADEIROS TESOUROS.
UM GRANDE ABRAÇO♥

Anônimo disse...

Meu tempo não passou tanto assim, mas já nasci me refugiando dessa forma para dentro de mim mesma, rs.

Belo texto, meu caro.

Abraços.

Nara Sales disse...

Quero pra sempre inaugurar meu novo estar dentro de mim! E no final ter a sultileza da alma.

um beijão.

Denise disse...

Fui lendo e visualizando...a evolução. Lindo Ari!!
Eu não arrisco escolher nunca teu "melhor" texto, pq a cada post supera minha expectativa, mas, este...este é especialmente belo. Tocou-me profundamente, por vir de encontro a uma filosofia de vida - vejo que não estou andando na contra mão!

Abraços, meu amigo!