sábado, 8 de maio de 2010

DESFILAR COM AMOR


Dia desses em conversa com o tempo...
E sentado no banco invisível dos meus sonhos.
Relembrei algumas décadas que vivi,
nas Gerais da minha adolescência.
Época de duvida, de procura, de afirmação,
era arredio com os que apontavam em mim, minhas fraquezas,
e distanciava dos que monitoravam minhas fragilidades,
e afastava dos que mapeavam meus medos,
e estimulavam minhas incertezas,
e corria dos que dimensionavam meu riso, e cerceavam meus vôos.
Quando em conversa com minha alma, nestas madrugadas de insônia,
eu e ela gargalhávamos dos caminhos que passávamos,
dos olhares que escondemos, dos amores que não declaramos,
dos amigos que não fizemos, dos beijos que não demos,
dos bailes que não dançamos, das musicas que não escutamos.
Dia desses em conversa com minha alma...
E sentado a beira da estrada da minha vida,
deixei escapar um sorriso impudico ao mundo,
apercebi do quanto o existir mudou o meu pensar... cresci.
Ergo o meu olhar para o infinito e desfilo com orgulho, com minhas
fraquezas.
Aproximo das pessoas sem permitir que invadam ou indagam das minhas
fragilidades.
Não permito a interferência nos meus medos e incertezas,
são sentimentos que os guardo na alma.
Rasgo-me de rir de todos, de tudo, até de mim mesmo.
E quanto aos meus vôos, os faço sem fronteira,
pulo nos abismos sem medo, salto nos devaneios particulares, sem duvida.
Enfrento os olhares sem culpa e a individualidade sem temor.
Desfilo só na multidão.
Com amor.

Ari Mota

3 comentários:

Denise disse...

Quando chego aqui, já me preparo para encontrar a sensibilidade navegando pelas linhas que contam tantos sentimentos. Mas...há dias, como hj, em que a surpresa pela afinidade extremada do que encontrei esbarra na apreciação esperada. Fui recebida por parte de mim mesma...coisa mais linda que me proporcionou, Ari. Grata pelo presente que não programou...

Beijos

Cândida Ribeiro disse...

Continua meu amigo e poeta de além mar,

a desfilar só na multidão e com amor.
Só um ser consciente e desperto o consegue fazer.

Meu abraço de luz e de sempre

canduxa

Anônimo disse...

Oi Ari,

Essa plenitude é perfeita... Sabemos bem quem somos e como lidar conosco mesmo.

Beijos,