sábado, 9 de outubro de 2010

CONTEMPLAÇÃO

Meu existir, fugaz como uma ventania,
foi levando-me a eternos instantes.
E tudo durou,
e tudo aconteceu,
e tudo virou circunstancias.
Os temporais perduraram noites, e arrastaram-se pelos dias,
tornaram-se desmedidos momentos,
e em ocasião fez-se tormenta, encharcou a roupa, esfriou a carne,
sacudiu a alma... quase morri de medo.
E um dia... não tinha mais para onde correr, fugir, fingir... esconder.
E em desesperação, perdido...
Refugiei-me... dentro de mim mesmo.
E era tanto silêncio, tamanha quietude... que de calmo,
tornei-me sereno,
quietei-me em soluço,
repousei-me em contemplação.
Hoje amarrotado pelo tempo, esfolado pela experiência,
inda sonho... inda brinco de menino, inda fantasio-me de poeta.
Contemplo o existir... com toda a intensidade.
E o destino brindou-me com sentimentos e palavras,
e em devaneios... inda apercebo o murmúrio de uma lagrima,
que rola face abaixo de saudade.
Inda espio a toada breve de um sorriso,
em alegria pelo regresso, pelo encontro.
Contemplo a sutileza do olhar, a pureza do gesto,
a leveza da verdade.
Contemplo os que têm coragem de ser feliz.
Contemplo o amor.

Ari Mota
 

5 comentários:

Marilu disse...

Querido amigo e poeta, da reclusão de sua alma, do seu silêncio mais profundo, hoje o poeta contempla o amor. Adoro ler e reler seus textos, todos são cheios de amor. Tenha uma linda semana. Beijocas

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido
quando nada mais resta...o sonho aquece-nos a alma.
como sempre adorei o teu texto...sentido.

beijinhos com carinho
Sonhadora

Sonia Pallone disse...

Sua poesia embriaga os sentidos de quem te lê... Bjs querido.

Vida F. disse...

Oi,

Sou alguém que conheceu o inferno das drogas, que fez alicerce e morada nesse lugar. Sofri todos os horrores, ou boa parte deles e hoje me encontro limpa, sem drogas, mas consciente que tenho uma doença, sem cura, progressiva e fatal. Não tenho um intuito específico escrevendo isso, não estou procurando criticas, conselhos ou julgamentos, sou conhecedora da causa que escrevo, não há teoria. Sou apenas mais uma com vontade de colocar pra fora todos os bichos da minha história.

http://vidadeumaexd.blospot.com

Obrigada

Denise disse...

..."tornei-me sereno" talvez traduza o mar de emoções que nos habita, mas convivem - e se relacionam de forma a integrar-nos.

Quanta coisa linda Ari, cheguei aqui e fui mergulhando nessa gostosura que é te ler.
Talvez por estar num momento de especial sintonia comigo mesma, esteja com os filtros mais abertos e as sensações fluam com leveza, então teus textos são um brinde pra mim!
Obrigada por tanta beleza!
Bjos