domingo, 12 de setembro de 2010

VOLTEI A ME ENCONTRAR

Andei por muito tempo à procura de remanso para as águas
do meu existir.
Quietação para este peito que não só batia, sangrava
vez por outra.
Busquei retiro para esta alma que desesperada e inquieta
borbulhava na amplidão da noite.
E recolhimento para estes olhos que entre abertos
só vislumbrava estreiteza.
Sossego para este corpo que combateu diuturnamente
as desventuras.
E harmonia para o existir, para o continuar... prosseguir.
Foram tantos os embates...
Persisti, resisti, perseverei todos os instantes,
estremeci com o inesperado, e atemorizei-me com o volúvel,
exalei pelos poros... medo das derrotas e a decepção dos fracassos,
destilei pela pele o suor da duvida e transpirei a incerteza do talvez.
Mas, andei por muito tempo à procura...
e encontrei-me em mim mesmo.
Planeei minhas sutis batalhas, entranhei na própria essência
e voltei a me encontrar.
Passei a transitar com a minha verdade,
e desfilar com o que tenho de autêntico.
Fiquei tão eu... que as vezes de singular encontro-me no plural,
e em metamorfose reinvento-me em todas as manifestações de amor.
O meu coração voltou a bater na freqüência dos meus sonhos,
voltei a me encontrar.
E ter coragem de ser feliz.

Ari Mota

7 comentários:

ANGELICA LINS disse...

Retiro de alma, sossego de corpo...
Transcendência que exala poesia.

Abraço

Kelly Kobor Dias disse...

Parabéns pelo lindo texto. Somente conseguimos nos reencontrar, procurando dentro de nós mesmos. beijos

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido amigo
Adorei o texto como sempre, desfiamos as nossas alegrias, os nossos fracassos.

O meu coração voltou a bater na freqüência dos meus sonhos,
voltei a me encontrar.
E ter coragem de ser feliz.

Adorei ouvir isto.

Beijinhos
Sonhadora

Marilu disse...

Meu querido amigo poeta, muitas vezes temos que fazer esse retiro de nós mesmos, para que voltemos fortalecidos com a alma renovada, para dar continuidade aos nossos sonhos. Lindo demais seu texto...Tenha uma linda semana..Beijocas

Marcello Lopes disse...

Ari.
Fantástico poema e lição de vida.

Parabéns !!!!!

Tatiani Távora disse...

Todos já buscamos fora a paz que carregamos dentro. E com isso só enxerga-se um imenso debater-se num arbustos de espinhos, saímos feridos. Ao descobrir o interior, por mais resistente a encontrá-lo que sejamos, nos deparamos com o verdadeiro momento de crescimento, de uma espécie de transa com a nossa verdade, com toda a beleza que todos trazemos dentro.

Belíssimo texto, parece que nos abraça com braços de paz.

Beijo meu!

Anônimo disse...

Um poema em gotas estupendas...
Eis um "eu" no plural, que faz toda a diferença e, então, sorte do amor que poderá se manifestar em várias formas no mesmo tempo.

Beijos,