quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O QUE CARREGO


Houve um tempo em que andei guardando coisas,
amealhando objetos,
guardava quinquilharias, conservava miudezas e o dourado dos metais,
depois passei a colecionar frivolidades, perdi a sutileza do encanto,
arrastava pelo meu existir... ressentimentos, magoas infundadas,
medos incompreendidos, olhares incertos, gestos inseguros...
perdido.
Houve um tempo em que guardei ninharias pelo caminho.
Esqueci de escolher, separar, dizer sim a mim... não aos outros.
Percorrer em silêncio as veredas do meu destino,
do desprender-se dos meus desejos, e o abrir-se das minhas fantasias,
e em delírios poetizar a ousadia dos vôos, e a imensidão do livre.
Voar desprendido das amarras, das cercas, dos muros,
e dos fins de estradas.
Mas, um dia a alma reclamou em alta voz, e aos gritos... jogou tudo fora,
fui perdendo coisas, foi ficando pelo caminho:
álbuns, magoas, canivetes,
copo de shop, selos, figurinhas, saldos de bancos,
moedas, medalhas,
incertezas.
Estou no tempo do desprendimento, da renuncia,
desapeguei ao frívolo, a futilidade do confronto,
a exacerbação do volúvel.
Estou no melhor do meu tempo... em crescimento, embora no final.
Hoje não arrasto pelo meu existir nada além do que meus sonhos,
não carrego bagagens, nem tão pouco... coisas,
só guardo dentro de mim...
amor.

Ari Mota

5 comentários:

Marilu disse...

Querido Poeta, mais um lindo poema..Beijocas

Cris França disse...

Ari

cheguei aqu através de um comentário da Marilu em "O que elas estão lendo" grata a ela pela indicação de encontrar um texto com tanta qualidade.

sigo-te

Dany Garcia disse...

Queridos amigos , hoje venho aqui, para pedir a colaboração de vocês, nesta corrente de AMOR.
Esta minha amiga,que tem sua foto postada em meu blog, está passando por problemas de saúde graves,está acometida por câncer,está internada na Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, na UTI, em coma,já apresentando sangramentos nasais , peço a todos vocês que me ajudem a orar,ela tem 20 anos e seu nome é Franciane,obrigada queridos amigos e me desculpe, pela postagem generalizada.Que Deus nos abençõe a todos.

Denise disse...

Fico pensando de onde vem tanta sensibilidade...quando imagino que os próximos escritos teus que vou ler serão impossíveis de superar aquele pelo qual me encantei, surge um tesouro como este, perfeito, tão maravilhosamente perfeito.
Acho que por estar "percorrendo em silêncio as veredas do meu destino" me identifiquei com a vida aqui contada desse jeito tão lindo, tão simples, tão...meu.

Obrigada, meu amigo, por este presente e pelo carinho de teu apoio. Um grande abraço, com minha enorme admiração!

Marcello Lopes disse...

Esquecer de dizer sim a si próprio é um dos maiores pecados em nossa vida.

Mais um primoroso texto cheio de lições para uma vida inteira.

Abraços poeta.