terça-feira, 10 de agosto de 2010

DESARMADO


 
O destino fez de mim um guerreiro desarmado,
desaparelhou-me a espada, desguarneceu-me da fúria,
escondeu-me o ódio.
Adentrei nos campos de batalha sem a temeridade de um bruto,
e sem a avidez de um covarde.
Fui pelejando pelo existir...
empreguei em meus combates apenas, e tão somente... argumentos,
discerni o meu existir com a sutileza da razão, expus meu equilíbrio,
fiz do raciocínio a lógica da convivência, e do meu grito... silêncio.
Fugi da desinteligência coletiva... fiz do isolamento um recolher estratégico,
cresci com a solidão.
Pactuei com minha alma, negociar nossa intimidade com as diferenças,
e apossar-se de preposições evidentes que nos ofertassem... verdades.
Não sangrei a carne, nem afanei destinos e sonhos,
e jamais discrepei vôos, desejos e escolhas, nunca interrompi caminhos.
Fiz da minha voz... um canto suave... as lancei no espaço,
não quis ouvir eco, nem respostas,
e minhas palavras... as perpetuei em paginas vazias, invisíveis,
nunca convenci ninguém.
Falei pouco, olhei com prudência, espiei com reserva as aparências.
Negociei meu riso, minhas angustias, minhas ausências, meus medos.
Encontrei-me tomado de vazios, me vi invisível,
e quando se apoderava de mim o desconforto de existir,
minha alma resiliente tornava meus soluços em esperanças, força.
E de guerreiro desarmado, fez de mim um poeta,
deu-me em delírios... palavras...
que as escrevo,
com amor.
Para você.

Ari Mota

5 comentários:

Denise disse...

A descrição perfeita do tornar-se resiliente, Ari - mas com a suavidade que te é tão peculiar.

Teus escritos merecem releituras...como "Silêncio" e "Abra a porta", que acabei de ler.
Quisera ter tempo pra percorrer do primeiro post até este...devagar vou fazê-lo!

Vale muito a pena!
Bjos, amigo poeta!

Marilu disse...

Querido amigo e poeta, como disse a Denise teus poemas e textos são feitos para ler e reler, eles são doces, suaves, enchem a alma de amor. Beijocas (estou sentindo falta dos teus comentários no Devaneios, se tiver um tempinho vai lá tomar um café)

ValériaC disse...

Querido Ari, você conseguiu...ser poeta maravilhoso...traduzir em palavras, a beleza que você traz em sua alma...beijinhos...
Valéria

maria claudete disse...

Por tudo isso desarmado...Em nome do Amor que brota do seu coração e germina em versos perfeitos! É muito bom, não canso de repetir , ler você! Abraços.

Sonia Pallone disse...

Deixo aqui meu registro e saio maravilhada com o sabor gostoso das tuas palavras...Bjs querido.