
Foram três voos...
Magníficos... enigmáticos.
O primeiro voo...
Foi quando na mais profunda quietude... saí do útero,
e passei a ter essa consciência individual,
de que só era preciso calma para florescer,
e deparei com esse vasto e inexplorado cosmo,
tomado de descobertas e ilusão.
Não sei ainda... se chorei de frio ou de medo,
o que sei... é que foi um salto quântico,
instantâneo e irreversível... passei a ser eu:
Saí do silencio à sinfonia,
fiquei inundado de sons, luzes, texturas e solidão.
O segundo voo...
foi quando passei a conhecer o que estava fora de mim,
e fui expor a minha vulnerabilidade... e minha coragem,
em despir-se das mascaras e das certezas,
e deparei com o inefável espanto da minha inocência,
em sair do meu mundo interior, da minha rua,
e querer invadir a vastidão do outro,
achei que tudo seria mágico... uma imensa leveza,
e o que vivi... foi só para me proteger,
da rudeza do cotidiano,
e de tudo que não me preenchia a alma,
silenciava a minha poesia,
e apequenava a minha loucura.
O terceiro voo...
Há! Esse foi apoteótico... pleno.
Fiquei tão eu... não quis decolar
mais para lugar nenhum.
Foi quando entardecido,
Voei para dentro... visceralmente,
e descobri a minha melhor versão:
A leveza profunda do meu silêncio,
em um lugar de encantamento e de um amor sem fim,
tanto que lá... encontrei força e descobri a minha luz.
E assim... lancei uma âncora no oceano da minha alma,
e nela, respiro o infinito...
Nunca mais quis decolar... de mim.
Ari Mota