quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

NÃO EMBRUTECER A ALMA


Não esquivei dos caminhos, nem procurei atalhos,
minha trajetória foi em sol de meio-dia.
Suportei o desgaste do improvável, o medo da incerteza,
o descaminho da duvida, e o pavor do vazio.
E tudo foi crescimento... dilatava-me no silêncio,
difundia-me nos refúgios, fui mais recolhimento,
que revelação.
E sem os aplausos... fui quietude... contemplação.
Tornei-me aprendiz de mim mesmo...
Aprendi que às vezes não dá tempo para retardar os adeuses,
e de nada adiantaria colocar rosas nas despedidas,
elas são energias na vida, e quase nada valem nas partidas.
Aprendi não embrutar à alma antes do amor,
e que... não poderia paralisar o segundo, nem comprar o tempo,
para abreviar a dor.
E se um dia tiver que ir embora... em vez de ausência...
deixe saudades.
E que o afeto possa ser mais forte que o orgulho,
e que não fique preso ao ontem,
nem refém de lagrimas já vertidas da alma,
e que eu possa em vez de oferecer desequilíbrio,
distribua calma.
E que o destino me permita repartir todos os sentimentos...
menos a solidão.
E que no palco da vida possa ensaiar todas as emoções,
e apresentá-las em verdades, sem ilusões.
Aprendi... aprimorar o olhar...
e não embrutecer a alma.
Hoje ando colhendo flores,
espiando as borboletas, reconhecendo rosas,
cuidando dos meus amores.
Virei poeta...

Ari  Mota

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