domingo, 23 de fevereiro de 2025

A CURA


 








Existir...
É essa coisa insana,
de que nunca necessitaremos mudar a rota,
de querer viver para sempre,
e achar que a estrada estará sempre vazia,
e plana.
 
Há... e eu intrépido!  Mudei muito.
- sorte... que além de não me perder,
uma bailarina louca me seguiu,
eu a olhava com a alma,
e ela ao meu lado... ia,
e foi um lenitivo para a minha solidão,
suavizou o meu desespero,
e a rudeza que habitava em mim.
- até diminuiu a minha agonia. 
 
E fomos juntos, nem sabíamos pra onde,
sei que não estávamos pronto,
e estávamos sozinhos,
éramos confusos... e com medo,
e mesmo assim, fomos viver,
e o que nos salvou, é que éramos intensos,
cumplices das nossas loucuras...
nesse universo de desencontro,
e sem procurar... nós nos achamos.
- foi um apoteótico encontro.
 
E tudo ficou tão nosso,
por ser um só, uma única alma,
nunca acreditamos em abandono,
um... nunca fugiu do outro,
éramos abrigo de nós mesmos,
sobrevivemos ao desgaste do tempo,
talvez por saber que o nosso lugar, era em nós,
que em vez de gritar, falávamos com os olhos,
e tudo descortinava em calma.
 
E um sempre trazia de volta,
aquele que estava quase se esquecendo de si mesmo.
Sem desistir um do outro
construímos essa convivência,
e só... em ser feliz, estávamos à procura.
Atravessamos nossas incertezas,
afrontamos nossas duvidas,
mitigamos nossos combates,
atravessamos nossos desertos,
e passamos a ser um para o outro... a cura.
 
Ari Mota

domingo, 26 de janeiro de 2025

DELICADEZA


 








Tudo bem que...
Foram tantos recomeços,
tantas escolhas e poucos amores.
Ponderei tanto que virei silencio,
e nunca do abandono... fiquei refém.
Revitalizei-me em demasia,
afastei-me dos que ferem,
e passei a andar com os que curam,
até me curar das minhas dores,
e não machuquei ninguém.
 
Tudo bem que...
Abeiro ao fim,
mas... o tempo me confidenciou,
que ninguém acaba...
transformamos em universo,
e que este é o meu tempo da delicadeza.
Não há mais tempo para nada,
a não ser para o amor.
Não haverá o “depois:”
- depois: eu amo,
escrevo um poema,
viajo sem destino,
destilo a minha loucura,
sonho em devaneio,
roubo um beijo dessa sua boca,
para que as noites não sejam... solidão.
O tempo anda sussurrando para a minha alma,
celebre a vida,
contemple mais... o que resta,
e tudo... tem que ter leveza,
e gratidão.
 
Tudo bem que...
Houve momentos de rudeza,
mas... bom mesmo foi que não parei,
nem desisti,
e fui um aprendiz sem tamanho,
hoje sei que tudo valeu,
e a vida aconteceu exatamente assim:
da minha pequeneza... ao ápice de mim mesmo,
vivi o máximo que eu poderia ser,
hoje sou mais alma... que matéria,
não me procure para despejar,
o que não me agrega brandura,
não tenho mais tempo para futilidade,
virei poesia
e delicadeza.
 
Ari Mota