sábado, 30 de abril de 2022

O ÚLTIMO SENTIMENTO










Se... faltou-lhe na emoção escondida,
e no último dos sentimentos,
o abraço que você nunca deu.
Se... faltou-lhe no silêncio que arrastas,
e na frieza das palavras,
que você nunca disse:
estou aqui “esse sou eu”.
 
Cuidado... se em descuido,
perguntarem-lhe,
do riso e da leveza,
da vida que não lhe condiz,
e inadvertido dizer:
doeu-me a alma,
faltou-me... ser feliz.
 
Atente... para  a fugacidade do destino,
e o que carregas agarrado à pele,
- pode ser tão somente uma ânsia descabida.
Cuidado se esqueceu de enamorar a si mesmo,
e autômato colecionou vazios,
empilhou ressentimentos,
embruteceu o olhar, a vida.
 
E distraído permitiu escapar...
a última das emoções,
essa que encanta, extasia,
completa todos os nadas,
preenche todos os silêncios,
desconstrói qualquer solitude,
estremece... arrepia.
 
Que existir não lhe doa,
que ao menos seja um espetáculo,
um ritual lúdico e não um desconforto,
que pequenas partidas virem saudades,
e chegadas... encantamento apoteótico,
e um olhe para o outro com amor,
e sejam assim... até o fim... um porto.
 
Que para os tormentos, tenha lenitivos,
e saiba reger com maestria a solidão.
Para a aridez da alma... o mais puro bálsamo,
e saiba transpor os seus desertos,
em busca do encontro, da entrega.
Que em seu último sentimento,
esse que habita em ti, ainda possa dizer:
Eu te amo.
 
Ari Mota.


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