segunda-feira, 23 de agosto de 2021

TENHO PRESSA DE MIM











Sei que... Tenho muito passado e pouco amanhã.
Sei da fugacidade do tempo, e agora em outro compasso.
E isso já me amedrontou,
arrancou-me da cama em madrugadas de insônia,
desesperei-me com vidas que não vivi,
estradas que não passei,
viagens que não fiz.
Mas, toda essa ausência...
formatou esse... que hoje sou.
 
Sei que... agora,
tenho que descobrir o que ainda não sei de mim.
Foram tantos experimentos,
foram tantas travessias para lugar nenhum,
procurei tanto, que quase me perdi,
- também pudera... procurava: olhares alheios,
para preencher esse vazio no peito, esse vão,
quis buscar lá fora algo para me por em sossego,
acalentar a minha solidão.
 
Sei que... O amargo do silêncio, já me importunou,
mas foi nele que escutei os gritos que não dei,
e eclodiu o amor por três dos melhores humanos...
que conheci.
- E me encontrei.
 
Tenho pressa de mim...
Foram tantas barbáries que vi,
foram tamanhas insanidades que presenciei,
que preciso agora no final... de refúgio,
de abrigo, que me permita desacelerar,
sem perder a ousadia pelas batalhas.
Preciso viver em êxtase o que me resta,
e em gratidão... o que me tornei.
 
Tenho pressa de mim...
O destino me tratou com delicadeza,
permitiu-me envelhecer.
Embora tudo que vi, me embruteceu,
é hora de resgatar a candura.
E que de ora em diante, seja tudo apoteótico:
Que em todos os amanheceres rebrote vida,
que o meu olhar sereno contemple mais,
que todas as estradas revele um encontro,
e cada passo seja uma longa viagem,
e eu compreenda as vibrações da própria essência,
- e defina: esse sou eu, esse é o meu tamanho.
Como tenho pressa de mim...
Que esse último lapidar, esse último brilho...
Seja eu a fazer... com lucidez e brandura.

Ari Mota 


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