terça-feira, 23 de julho de 2019

EXAGERE

Exagere...
Ouse exagerar vez em quando,
e sem sofreguidão,
só exagera... quem deixa de olhar para fora,
e passa a se encontrar na parte de dentro,
faça tudo com mais intensidade, mais alento,
podes até dançar sozinho em noites de solidão,
só não pode deixar de se atrever,
antes de ir embora.

Não esqueça... tudo é fugaz como uma ventania,
talvez não tenha tempo de viver todos os sonhos,
e ser tão racional.
Não queira concretizar todas as obras,
calçar todas as ruas, beijar todas as bocas,
talvez, seja exígua a sua passagem por aqui,
e tudo será tão somente um escasso temporal,
e o pouco que fizer, terá que o fazer com ousadia.

Exagere...
Mude de perspectiva... busque outro ângulo,
descortine a sua resiliência, insista mais um tanto,
faça o silencio te tocar por dentro com esplendor,
procure atravessar os seus desertos,
desapareça para dentro de si mesmo,
e preencha todos os seus vazios,
e entre a fúria e o desespero... fuja com o seu encanto,
enlouqueça mais... desvaire mais... de amor.

Exagere... e se despertares,
e uma sensação estranha apossar da alma,
e sentires como se hoje fora o seu último dia,
e perceberes indo... sem despedir,
não... não se deixe enganar pela dúvida,
somos acometidos com esses deslizes do existir,
são os sinais, vindo do interior,
agarre-se no talvez, e talvez não seja o dia de ir,
não antecipe a dor,
inda será possível se reinventar,
e dará tempo de... exagerar.
E exagere... na emoção,
no sentimento, na suavidade do olhar,
na contemplação:
- exagere ao amar.

Ari Mota


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