sábado, 13 de outubro de 2018

O PERCURSO DA ALMA


A vida acontece no... entretanto, 
e, é esse intervalo de tempo,
que de tão efêmero,
às vezes a alma distraída... perde o encanto,
não define o próprio percurso,
o caminho que irá passar,
com seus delírios, suas loucuras,
com a doce magia de a tudo resistir,
com a infinita coragem de sempre mudar,
para tornar tudo isso um espanto.

Entretanto, nesse entreato,
depois do começo e antes do fim,
que de tão fugaz,
às vezes a alma desatenta... vai a esmo,
não tem o cuidado com o que não cabe dentro de si,
e permite que os ciclos sejam sempre iguais,
com o mesmo tom, a mesma cor,
e não se atreve aos reinícios,
treme com a ausência de um norte... de um cais,
e vagueia por aí, a procura de si mesmo.

A vida acontece nesse... entretanto.
Chega como uma ventania,
e muita das vezes vai sem despedir,
não marca a hora de partir,
e sabe que não existe receita para ser feliz.
E assim... tens é que:
sempre olhar com altivez, e sem soberba,
e fazer tudo ser sublime como uma poesia,
e se tiver que olhar para baixo,
que seja para o próprio peito,
a procura de um vão... de um vazio,
e como quem se obstina... se completar,
inundando-se de sonho... ousadia.

Mas...
para suportar os acasos do caminho,
a alma tem que explodir de emoção,
experimentar o silêncio e amar,
arquitetar um cúmplice para esse amor,
e não passar por aqui... sozinho,
não tentar ser um arquétipo para os outros,
verdade é... tem que ser o seu próprio consumo,
o inteligível de si mesmo... sem ilusão,
só assim suportará a aridez do percurso,
quando o tempo lhe apresentar a solidão.


Ari Mota


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