terça-feira, 5 de abril de 2016

PASSEI DE MIM

De quando em quanto,
descubro que tudo é culpa da minha alma,
atrevida... evoluiu,
e nunca se desilude.
Insolente... desafia o inusitado,
desconstrói os velhos paradigmas,
incita e provoca o desacostumado,
e me confidencia que... posso muito mais,
e que... em mim... sobra atitude.
De quando em quando,
vislumbro nunca apagar esta luz aqui na alma,
agarro-me nesses caprichos de nunca desistir,
e me pergunto por quê... tamanha teimosia,
olha... talvez me empolguei em viver,
e saiba... a vida me sacudiu em demasia,
e esteja certo... carreguei no ombro, e visceralmente,
esses pesos invisíveis, essas dúvidas incabíveis,
até que... fui deixando pelo caminho,
tudo que me sangrava... apoucava-me,
e me deixava em desalinho.
De quando em quando,
eu e minha alma... sentamos ali no meio do nada,
na esquina... com a ilusão, no meio da solidão,
e em retrospecto... rimos das nossas doidices,
da nossa ingênua insensatez...
e só eu sei,
das vezes que o destino nos presenteou,
com uma bela rasteira, e nos levou ao chão,
mas, sabido é... que, fui até ele... varias vezes e levantei.
De quando em quando,
eu e minha alma, em noites de silencio... e em solitude,
e na frieza da nossa quietude,
ficamos ali... olhando as estrelas, penduradas no infinito,
e em contemplação,
mensuramos o tamanho da nossa pequenez.
De quando em quando,
olho-me com apreço, me tenho com estima,
sobrevivi a essa rudeza do cotidiano,
não posso negar as cicatrizes,
nem que... já não sangro mais,
e que... hoje, lido melhor com o desengano,
esvazio a alma de ninharias, e a inundo de leveza,
quando preciso mudar... mudo por dentro,
e vou assim... até o fim,
é que... sem ninguém perceber,
andam ao meu lado e se acomodam na minha alma,
uma bailarina louca e duas borboletas,
que me fazem dar férias à morte e esquecer... de morrer.
De quando em quando,
olho-me... procuro-me... tento me achar...
e descubro que... passei de mim.

Ari Mota


Um comentário:

Sonia Pallone disse...

Retornando aos poucos, depois de sangrar muito e me sentir a própria personificação da cicatriz... eu, todinha, uma marca profunda...As perdas doeram e ainda doem...Lenitivos, poucos. Meu blog Solidão de Alma, um deles... Visitar e te ler, outra alegria. Um momento de identificação que sempre existiu. Voltarei sempre... Bom demais estar aqui. Beijos querido Ari.