quinta-feira, 26 de junho de 2014

SEGREDOS DA MINHA ALMA

De todos... os segredos que tive, e que inda tenho,
o maior deles foi quando me descobri, me achei...
e foi intensa a descoberta,
vivia apenas um provável acaso,
estava preso ao dogmatismo social... sem nada ser meu,
perdido, espelhando... nos outros, em puro descaso,
esqueci de mim...
até... que me encontrei,
e livre... achei o que me... liberta:
Eu.
E depois foi só...
emprestar uma morada para a minha alma,
para que descobrisse... as asas encolhidas em seu dorso,
e mais que tudo isso... aprendesse a batê-las... sem esforço,
e hoje... leva-me por aí... solta, descomprometida,
singela, calma e atrevida.
De todos... os segredos que tinha e sem saber,
deparei com a minha resiliência,
o meu talento em diminuir e depois crescer.
Mas... existir mesmo... foi,
quando deparei com os meus mistérios,
e tive que me esculpir de dentro para fora,
e desnudar o melhor de mim,
ser melhor que eu mesmo,
e descobrir esse poder infinito que a aqui... mora.
Existir mesmo... foi,
quando desenraiveci a alma, desalojei a ira,
fugi das pequenezas... do torpe... da insignificância,
e assumi as minhas escolhas, e gargalhei das derrotas...
E depois... comedido silenciei-me com as vitórias,
virei silencio... passei a falar quase nada,
para ser hoje... mais contemplação... e perder a intolerância.
Como nunca fui multidão,
poucos, ao meu lado... caminham,
tive que escolher com quem andar...  sem ser solidão.
Existir mesmo... foi,
quando não permiti o estreitar dos sonhos,
nem o intimidar dos recomeços... da incerteza.
Hoje... incito a ousadia... o superar... o sobrar das almas,
o desapego das coisas, e das pessoas pequenas,
faço que a minha ressonância, o meu eco... seja leveza.
Talvez por imodéstia, e sem nenhum temor,
de todos... os segredos, que tive, e que inda tenho,
o maior deles não foi só... quando me descobri,
nem me achei...
foi quando encontrei...
na alma que em mim habita,
amor.
Ari Mota

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