segunda-feira, 22 de novembro de 2021

REGRESSE EM TI










Podes até roubar um segundo do tempo,
chamá-lo de seu.
Mas, não demores muito,
se nele não tiver encanto.
Podes até achar que ele é apenas um instante,
efêmero como um vendaval.
Mas, não acredites em sua intensidade,
se ele não carregar delicadeza.
Assim... é o existir,
às vezes tem o tamanho de um “agora”,
a beleza de um relâmpago,
e tudo pode mudar...
- saiba o que fazer com o que já viveu.
 
Atenha aos ventos ocasionais,
esses que chegam em silêncio, e a esmo,
esses brandos, suaves e inocentes,
que às vezes arrastam uma neblina densa,
e sutilmente umedece a alma,
fazendo gotas distraídas caírem face abaixo,
implorando... recomeços,
suplicando... o repaginar dos sonhos,
o equilíbrio com as estrelas,
e a transcendência de si mesmo.
 
E existir é isso...
É um manobrar entre o medo e a intrepidez,
é entrelaçar entre a coragem e o desistir,
entre o abandono e o desejo de amar,
é entender de lonjura e admitir a solidão,
e depois transitar com equilíbrio entre as duas,
diminuindo a profundidade do desespero,
e se revitalizar todos os dias,
sem se machucar.
  
Regresse sempre...
A alma é o único porto para se voltar:
- regresse em ti.
 
 Ari Mota 


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