domingo, 26 de maio de 2019

VOZES

Silencie...
Para ouvir essas vozes que brotam de dentro,
talvez, esteja ali o nosso segredo,
elas reverberam nossas comoções aflitivas,
nossas impaciências.
nosso medo.

Calma... essa pressa, 
essa fugacidade em entesourar-se,
talvez, nos fragilize mais, nos apequene mais,
o sonho não pode resumir-se no “ter”,
ele é apenas uma emoção que edifica o “ser”
uma referência, um cais.

Silencie...
Essas vozes estão gritando aí na alma,
talvez, estejam falando de amor, revelando ternura.
Tenhas mais leveza, enlouqueça de vez em quando,
faça a doidice ruir essa ânsia por si só,
releve os descorteses... com mais brandura.

Calma... essa pressa,
essa celeridade pode não levá-lo a lugar nenhum,
talvez, você se encontre dentro de você mesmo,
e em vez de desertos, encontre sua melhor companhia,
em um recanto aprazível, inimaginável,
e não será necessário sair por aí... a esmo.

Silencie...
Resista dessa fúria coletiva, de vencer sempre,
é nas derrotas que somos provocados a nunca desistir,
são lenitivos, nos fazem recuar... para depois fazer melhor,
reerguemos aí, repaginamos a alma neste momento,
e em resiliência iniciamos a nos reconstruir.

Silencie... para ouvir as vozes que vem da alma,
e quando chegar o último instante,
aquele exato momento de despedir de tudo,
de deixar todas as coisas,
possa descobrir...
“que espetáculo o que fiz”,
e olhar para dentro, e dizer:
- fui feliz.

Ari Mota


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