quinta-feira, 20 de março de 2014

A INVISÍVEL SOLIDÃO

Necessitas, é...
Em vez de interagir com a tecnologia,
como um autômato,
acessar os sentimentos, e declarar em demasia,
falar mais... de amor,
teclar menos... não permanecer prisioneiro de uma coisa,
nem enfraquecer as emoções,
precisas... é desapegar do monitor.
Pare de fingir que o outro não existe,
ainda... há tempo de estender o olhar em delicadeza,
e em brandura, sublimar o que ainda tens de paixão,
o reconquiste.
Perdestes foi... o toque, a sutileza do contemplar.
Percebes a marca do perfume...
e não reconhece a aveludes da pele.
Percebes o corte do vestido...
e não descobre a delicadeza do corpo.
Percebes os atributos do metal...
e não descortina o espírito.
Percebes a cor do batom...
e não desmistifica o sabor dos lábios.
Fica ali... ao lado... e tão longe... sem amar.
Precisas, é...
Interagir com a alma...
ela é feita de apelos, e sempre,
valer-se-á de um socorro em madrugadas de temporal,
de um colo,
alguém para lhe acolher nos dias de indiferença.
Não abandone o seu amor... sem abrigo...
ao meio de um vendaval,
tome sua mão, como quem não busca recompensa.
Às vezes... tudo está tão perto... e tão distante,
e o tempo fugaz... como ele só... tira-nos a ilusão,
rouba-nos o direito de esperançar,
e tudo mistura ao vento e vai embora...
e ficamos sozinhos,
sem norte... pelos caminhos...
E esquecemos que viver é compartilhar a solidão.

Ari Mota

3 comentários:

Nádia Santos disse...

A tecnologia tem tirado de muita gente o sabor delicioso de exercer no outro os 5 sentidos... algo tão delicioso, tão quente, tão gratificante. Texto lindo. Um bj

Marisete Zanon disse...

Verdadeiro, escrito de uma forma sensível por alguém que presta atenção na alma.
Não conhecia aqui e gostei.
Um abraço!

Roselia Bezerra disse...

Olá,
E, compartilhando a solidão, vamos nos enriquecendo e ela deixando de existir...
Abraços fraternos e quaresmais