segunda-feira, 7 de outubro de 2013

SABES...DE ONDE EU VIM?

Eu vim de uma terra chamada “luxeza.”
Moram nela... os utopistas e os poetas.
Lá é um luxo só... não temos nada,
é tão... escasso as “coisas”, que pactuamos só ter sentimentos,
e tudo parece um paradoxo... um disparate.
Mas, vez em quando... cruzamos por lá, com:
Raul, o Profeta Gentileza, Osho e Nietzsche...
e passeamos em silêncio, sem nenhum debate.
E depois... surfamos em manhãs de delírios, com Fernando Pessoa,
Vinicius, Drumont e fazemo-nos ao mar... em ondas inquietas.
Lá, tudo é para sempre... não lidamos com o imediatismo.
Como vamos ter que conviver até o fim, com... o que somos,
gargalhamos com os nossos defeitos e ocultamos nossas virtudes,
mais amiúde, aprendemos a nos amar...
sem ser menos, ou aumentar... não nos embriagamos com altitudes.
Lá não há declínio da vida, é só um lugar que vamos passar.
Morrer como? Lá tem uma praça... tem um coreto,
compomos nossos poemas, e perpetuamo-nos... em nosso soneto.
Lá não tem muros... são apenas cercas vivas... de rosas vermelhas.
Eu vim de um lugar que os meninos são mais homens,
e a beleza... das meninas, não esta na zona inferior do dorso,
estampam e resplandecem na alma... e a tudo espelhas,
e são pétalas brancas, sutileza... flores,
e em vez de selos... colecionamos amores.
O nosso Deus... lá, não tem religião,
não nos provoca medo, e nem conosco tem... segredo.
E o nosso único templo é o universo,
e a ele nada pedimos, só agradecemos em oração,
às vezes... na singeleza de uma poesia, ou de um verso.
Lá tem rampa para saltar livre sobre os abismos... em alegria,
tem rock and roll, para as noites de solidão,
Albinoni para as tardes de calmaria,
mas, tem Ravel para dançar em madrugadas de paixão.
Sabes... de onde eu vim?
Eu vim de uma terra chamada “luxeza.”
Lá se fala de sonhos, planta-se sensatez,
estamos em sintonia com a alma e a própria luz,
firmamos contratos... só com o olhar,
e, há apreço entre nós... e tudo se transmuda em beleza.
E agora... sem demora... estou indo embora.
Até tentei ficar... sem palavrear nenhum clamor.
Mas enojado... com as posturas irascíveis, deste lugar,
e cansado... e com saudades... tenho que voltar.
Lá, de onde eu vim... tem mais amor,
e não é tão longe assim...
- é aqui... dentro de mim.

Ari Mota

Um comentário:

Nádia Santos disse...

Dizer o quê?! Resta-me apenas aplaudir... simplesmente maravilhoso! Deixo um beijo.