segunda-feira, 12 de novembro de 2012

SEM DESTINO

Vontade mesmo foi sair sem destino...
Atravessar os desertos de mim mesmo, bater de frente com a solidão,
correr deste mundo ensandecido, da torpeza humana.
Fugir... não encarar o combate, nem o desafio de que tudo é ilusão.
Quase me iludi com a fugacidade do existir,
quase me frustrei sem aperceber que não passamos de um instante,
de um sopro, um acaso... de uma ventania,
e como, se não bastasse entender que a vida iria me cobrar pura ousadia.
Vontade mesmo foi sair sem destino... ao léu, sem uma pousada.
Até tentei... mas alguém me agarrou, me fez ficar pelo caminho,
e por um descuido... uma bailarina louca apoderou-se da minha alma,
tomou as minhas mãos, conquistou-me... e acabei ficando na estrada,
ela segurou-me como âncora em alto mar, como esteio para não cair,
e ficou pegada ao meu olhar, não consegui partir,
não consegui deixar a cama vazia, nem viver sozinho.
Há... e desde então... passamos a enfrentar os ventos,
e acima de outras tantas coisas, os céus... deixou cair duas estrelas,
vidas especiais que dividem conosco todas as batalhas,
todas as incertezas, todo e qualquer recomeço e medalhas.
E assim tem sido os meus dias... a minha luta,
e tudo não passa de um combate sem fim, muita labuta.
Aprendi a não discutir com o destino, nem me desesperar em desatino.
Vou seguindo sem o julgo de quem quer que seja, de qualquer olhar.
Só nós sabemos o tamanho do caminho, o tão grande dos temporais,
e ninguém dimensionará nossos combates, nossa valentia.
Entre o que vivi e passei e aos que me olham...
existe... uma distancia assombrosa e penhascos abissais.
Hoje o destino me sussurra para diminuir a ligeireza,
não tive saída, fiquei mais contemplação,
inda continuo nos combates, hoje... luto sem ódio, sem rancor,
e tudo me enaltece, vira crescimento... beleza.
Uma parte de mim é delírio, a outra ainda é força, luta... explosão.
Hoje envelhecido... quando resolvo sair por ai... sem destino,
sem me perder pelo caminho, e sempre voltar.
Pego uma estrada que vai para dentro de mim,
lá... tem quietude, inda resta um pouco de juventude,
sonho,
e amor.

Ari Mota

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