isto é verdade.
Hoje... estou, juntando todas
as minhas amarguras,
maus desejos, amores perdidos,
amigos esquecidos,
desencontros, juízos
malfeitos, sentença descabida,
indiferença, palavras que
ferem... agressão atrevida,
e os deixando à margem... na
estrada da saudade.
Hoje não vou mudar de rumo,
nem falar de solidão,
sou como um rio... rumo ao
mar... não tenho outra direção.
Cheguei... muitas vezes como
calmaria, outras... como ventania.
Fui enchente, maré alta,
cheia repentina... inundação.
Deslizei suave, silencioso,
provoquei brisa... carinho.
Fui cachoeira, lago profundo,
mas nunca caminhei sozinho.
Mas, hoje tenho que desafogar
a minha alma, solta-la ao vento.
Tenho que desassorear o meu
próprio caminho, o leito que andei,
aprofundar-me, sentir mais a
quietude de mim mesmo,
ofuscar o tormento.
Aprender a calar mais e
jamais engasgar com as magoas,
os descaminhos.
Renunciar aos espíritos
medíocres, e tudo aquilo que me traz,
aflição.
Estou em um novo ciclo, mudo
sempre, inovo para não findar,
não vou mais procurar tempo
oportuno, nem nada esperar,
vou docemente criá-los,
esculpi-los dentro da minha alma.
Quero e preciso entender
menos, e sentir mais.
Vou me reservar momentos de
loucura, para manter a lucidez,
necessito crer mais em
anjos... do que em homens.
E neste assombro... provocar
o novo, o inusitado,
e na descoberta... seguir em
frente, amar.
Estou desafogando a minha
alma, a deixando solta,
com toda a altivez.
E renunciando ao olhar de
quem quer que seja.
Fiz o que pude... da maneira
que o destino me presenteou.
Quando me olho, não tenho
semelhança com ninguém,
aquele ali sou eu: pequeno,
enorme.
Tenho o tamanho do meu sonho,
da minha luta,
e fiquei fã de mim...
aplaudo-me... pelo que sou.
Desafoguei tanto a minha
alma, a deixei... livre,
transformei-me sucessivamente...
virei até poeta, e amor.
Ari Mota