e sei que também
envelhece o meu corpo... sem o meu consentimento,
agarra na minha
pele, enruga a minha face, e a mim fica afeito,
e tem...
subtraído os meus amores, os meus abraços, e deixa... vazios e saudade.
Hoje mais pareço
um mago em descompasso, e antes que desapareça a lucidez,
e tudo se
evapore, ou acabe em solidão ou perca-se no tempo... em voracidade,
vivo intensamente
o que me resta, o tudo que ainda me cabe, e ainda me pertence.
Sou insistência,
persistência... uma tamanha resignação.
Tenho que cuidar
da alma que jamais me traiu, e está aqui alojada dentro do peito.
Não sou este
espectro que se apresenta, sou o interior que ninguém vê e não conhece.
E assim... sou
sentimentos, mais alma,
e a apalpo,
tateio vez por outra para sentir sua maciez, o afável do seu existir.
Não a deixo
endurecer com as pancadas do cotidiano, nem enrijecer com a desilusão,
a guardo em
noites de temporais, a escondo em madrugadas de vendavais...
Não permito a sua
aspereza, nem a deixo petrificar... espero tudo passar.
Faço, às vezes um
retiro, parece até que desisti... e que tudo vou abandonar.
Mas... tudo não
passa de uma estratégia, manha de quem sabe esperar.
Preciso de
silencio, tapar-me das ventanias.
Preciso de
brandura, para não se perder ao meio das agonias.
Obvio é... que
engulo as lagrimas com os meus sorrisos,
e faço o que for
preciso... para sempre continuar.
Viver é sempre
assim... dar mais um passo, como se nunca fosse o último.
Cuido da minha
alma como um jardineiro da sua flor,
a rego em noites
de desespero, a adubo em dias de sol escaldante.
trocamos
caricias... ela é minha calma, e eu o seu calmante,
ela não me
abandona... nem eu a ela, como estamos de passagem,
ela me causa
deleite, me sacode por dentro e me dá coragem,
mas de todas as
qualidades que carregas: uma das mais bonitas é a verdade.
Perdi coisas, e
achei assustador. Perdi a juventude, e achei muito.
Como não me
permiti perder tudo, fiz dela:
um refúgio dos
meus sonhos,
e do meu amor.
Ari Mota
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