Não
sei quem me trouxe...
nem
quem me deixou andando por aí,
estranho
foi... que ninguém me disse por... onde ir,
nem
o tamanho do caminho... nem o cansaço do andar,
nem
das vezes que ficaria a deriva... sem poder sonhar.
Pouco
fiquei sabendo... como espantar os meus fantasmas,
e
dissuadir o medo a não mais... me, acompanhar.
Como
não descobri... quem inventou a minha vida,
e
sem... se sentir no abandono,
vim...
edificando-a, em grãos, aos poucos... em pequenos traços.
Nunca
consegui fazer do meu destino... um esboço,
e
isso vem... desde menino... desde moço,
e
na descoberta, viver, foi-me... quase um súbito clarão,
um
relâmpago... antes do vendaval, e tudo foi efêmero, espectral,
e
tudo me pareceu, fugaz como uma aparição.
E
depois de todas as surras... que a existência... me, deu,
não
pude mais perder tempo... com nenhum temporal,
e
a todos enfrentei... encharquei-me de incertezas,
até
que... parei com as perguntas... não quis saber das respostas,
maravilhei-me
com alguns, me enojei de muitos... passei a ser eu.
Vim...
reformando-me, e a maior revolução que fiz,
foi
a polidez no sonho, a coragem para ser feliz,
óbvio
foi... que tive que abandonar alguns paradigmas,
desacreditar
das coisas prontas, e das dúvidas em fim,
e
na alma só permitir o que era natural.
E
hoje... sou o meu esconderijo, virei platéia de mim.
Não
sou o mesmo todos os dias,
bom...
é que estou sempre em mutação,
nada
aqui dentro é definitivo, nunca... aqui não existe,
aqui
tudo é factível... e a toda intempérie...aqui se resiste,
além...
da perspectiva de lidar com a solidão.
A
única coisa que sei... que me deixaram aqui:
Vazio...
sozinho... indeciso... quase na escuridão.
Mas
resiliente... fui me formatando,
colocando
intensidade... gosto no existir.
E
quando vi o tamanho do vazio no peito,
ali
abasteci... de sentimentos... inundei-me de amor,
e
tenho estoque até partir.
E
quando me vi sozinho... meio que perdido... sem caminho,
saí
enlouquecido... atrás de um colo para deitar,
e
um ombro... em carinho para ofertar.
Mas,
quando indeciso... não sabia, aonde ir,
corri
para dentro... para dentro da minha alma,
-
um lugar onde eu possa... me, construir.
Hoje,
já não me pergunto... quem sou?... ou o que sucedeu?.
Quem
me trouxe?... ou quem me levará?.
-
Como sou uma obra em construção.
E
quem conduz esta alma... sou eu.
Sigo
em frente... em silêncio... sem muita aflição.
Ari
Mota