na própria dúvida do caminho, na incerteza da minha verdade,
e vagueando sem rumo e sem destino.
Encontrei... uma figura impar, singela... sentou ao meu
lado,
e tudo virou calmaria, cessou a torpeza dos homens, e a
minha aflição.
E calmamente segurou em minhas mãos... e disse-me: viver é
desfrutar.
Busque esta luz que tens na alma, ilumine esta negrura que
carregas,
esse desassossego em viver, esta angustia descabida, esta
perturbadora inquietação,
ofereço-lhe a imensidade estampada a frente dos seus olhos.
ofereço-lhe a imensidade estampada a frente dos seus olhos.
E te proponho, freqüentar a minha casa... tenho a essência
de todos os seres,
a beleza do riso, e se preciso dou-lhe a minha contemplação.
Estou em tudo... sou o vento, a água límpida, o voar de uma
borboleta,
acha-me em todos os lugares... até dentro de você, estou num
sorriso descomprometido,
na fragrância das flores, no aroma dos eucaliptos, na relva
e nas cascatas.
Sou pequeno como uma gota de orvalho, sou grande... maior
que o meu próprio sonho,
sou areia fina, sou aquele rochedo lá no alto, sou quietude,
mas às vezes bramido.
Meu grito não é de amargura... é de delírio em existir, e
agradecido.
Ando sempre acompanhado dos espíritos das florestas,
sou ingênuo... pura criancice e com elas faço todas as festas.
E a loucura... cura a minha alma e faz de mim brandura.
Desfrute a vida, e tudo que nela tem... e suas palavras
vertiam como um feitiço,
e foi embora... dançando... só depois entendi que era Deus,
o arquiteto de tudo isso.
Extasiou-me com tamanha simplicidade, tamanha doidice.
Eu que sempre fui um aprendiz, coloquei na minha sensatez...
devaneios e sandice,
como a vida é uma travessia... só de ida, não tive outra
saída.
Para não permitir que definam o meu sonho, nem acorrentem as
minhas asas:
Cometi um desatino, aposentei a minha lucidez.
Como acredito na finitude de mim mesmo, resolvi mudar.
Hoje caminho na praia deserta, em baixo de uma garoa fina, ao lado
de um mar revolto,
encaro o vento frio, em tardes de inverso... sozinho naquela
imensidão,
calo-me em vigília e em busca de calma, e passeio em
desvario com minha alma.
E sei que isso é para os diferentes... só para um louco.
E já não mais estranho, quando me perguntam por que da solidão.
Talvez, quem anda sozinho já se encontrou.
Hoje... faço minhas escolhas: virei silêncio, contemplação.
Nas minhas triagens tenho o meu ritmo, os meus livros, a
minha musica,
o meu caminho, que mudo todos os dias, e também o meu olhar.
Os loucos são livres... eu sempre serei livre,
até para amar.
Ari Mota
3 comentários:
Virar silêncio, contemplação...é para os evoluídos, jamais pode ser confundido com loucura...tua resiliência me comove, Ari - essa caminhada é árdua, mas muito bonita...te admiro!
Um grande abraço!
Querido amigo, e o que é a loucura? Talvez a liberdade de fazer tudo o que queremos e por estar tão ligados a conceitos sempre voltamos atrás. Lindo texto. Adoro Sarah Brigthman.Beijocas
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