Primeiro
foi a distancia...
E veio o
desespero em ficar sem o abraço,
- e nasceu
um vazio descomedido,
e um encontro
abrupto com os nossos desertos.
Depois
foi o toque...
Brotou
um abismo entre o calor dos corpos,
- um
nada, que nos aparta,
um
separar que nos apavora.
E como
se não bastasse... e, em disfarce,
pregaram-nos
uma máscara na cara,
e
extraíram... o riso,
arrancaram...
dos lábios o beijo,
asfixiaram...
a alma,
- E
tudo, nublou, sufocou a expressão,
mutilou
a linguagem corporal,
e por
pouco não intimidou o nosso amor,
inibiu o
nosso afeto,
desconstruiu
os nossos sonhos,
ofertando-nos,
a solidão.
De
repente… só nos sobrou os olhos,
que a
muito perdera o brilho,
e quase
apagou,
entorpeceu-se
de tanto ouvir a boca balbuciar tolices,
palavrear
vazios,
e com
ludíbrio nada dizer.
De
repente... só nos sobrou os olhos,
é hora
de redimensionar o olhar,
fazê-lo
ressurgir.
Por
tempos...
toda a
comunicação da alma emergia dele,
toda a
manifestação de amor exalava dele,
o seu
silencio tinha voz,
seu
luzir provocava mansidão.
De
repente... só nos sobrou os olhos,
e nossos
ancestrais já diziam:
Olhos
não mentem, nem enganam,
resplandecem...
quando felizes,
murcham...
quando magoados,
ficam sombrios...
quando sozinhos,
e em
estase... quando amam.
Como
só... sobraram-nos os olhos,
que ele
nos revele tocar com a alma,
outra
alma,
e nos ensine
a contemplar com gratidão.
Ari Mota
terça-feira, 1 de dezembro de 2020
SÓ SOBRARAM OS OLHOS
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SÓ SOBRARAM OS OLHOS
sábado, 17 de outubro de 2020
VIAJO ATRÁS DE LUZ
dessa viagem descomunal.
E poucos foram os instantes de insanidade,
coloquei harmonia na minha loucura,
equilibrei o meu ímpeto, dominei a minha fúria.
Virei silêncio, solidão,
não me afoguei em desespero,
nem me descompassei na hora de sonhar.
Virei calmaria,
e presentearam-me três humanos para amar,
construí-me... reinventei-me.
Suportei a dimensão dos combates,
e nas derrotas deparei com a minha resiliência,
persistia tanto... que iniciava tudo outra vez,
e quase nada me fugiu do controle,
tolerei as vicissitudes que me infligiu,
e percebi que a vida é uma ventania colossal.
E já são quase sete décadas...
E hoje, tudo que vivi me pareceu efêmero,
e o faria do mesmo jeito, tudo que fiz até hoje me seduz,
é que passei a me espelhar na natureza, em suas estações.
E vivo assim... em ciclos... sem intermitência,
e quando percebo o meu outono entreabrir aqui dentro,
e iniciar um frio descomprometido,
e as folhas soçobrarem no chão:
vou rastelar o meu jardim...
e aproveito rastelo a minha alma,
e depois semeio amor nos meus desertos.
E logo em seguida desponta o inverno, frieza,
o sol tímido e a noite mais longa me faz recolher,
arqueio o corpo, transmudo para a alma... quietude,
espero tudo passar.
E de repente despenca a primavera...
o desabrochar das flores, o despertar dos sonhos,
e aí, saio enlouquecido... redescubro-me.
E de súbito resplandece o verão,
os dias se alongam, o sol despeja esperança,
saio regando as flores que plantei e tudo se renova.
E essas são as minhas estações,
que se repetem de tempos em tempos,
e me faz o que hoje sou: Um artífice do recomeço.
E como não tenho intervalos,
hoje é toda a minha vida,
e como tudo é um imenso segredo,
preparo-me para as outras vidas,
outras travessias,
viajo atrás de luz.
Ari Mota
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VIAJO ATRÁS DE LUZ
segunda-feira, 14 de setembro de 2020
O QUE PERDEMOS PELO CAMINHO
demorei a perceber a distancia abissal entre perder e deixar.
Até dias desses, achava que estava perdendo coisas pelo caminho,
tive que deixar até alguns “eus” pela estrada,
alguns beijos, algumas camas, suspiros, risos,
olhares, ninharias e intimidades,
e intentava voltar para trazer de volta... o que foi ficando,
e olha, olhei por diversas vezes para trás,
que vazio incomensurável nascia aqui dentro, que deserto.
Tardei a ver que era uma trapaça do existir,
eram ciclos para ultrapassar.
O tempo não foi perverso com a minha insensatez,
por que pactuei comigo mesmo, fingir que ele não existia.
E com isso, deu tempo para perceber que nada eu perdia,
estava sutilmente deixando,
descartando os meus excessos,
e foi o maior dos acontecimentos da minha alma:
- e não era vazio, nem deserto, nem solidão o que sentia,
era a minha sutil excentricidade de despertar,
alterar a frequência,
preencher-se de emoção,
e deixa-la livre:
- para cuidar com mais intensidade dos meus amores,
e nunca perder a ânsia de preparar-se para novos tempos,
nem a resiliência de sempre continuar.
O tempo sempre foi compassivo com os meus sonhos,
esperou sentado na esquina do meu destino,
reconheceu os meus limites, e as minhas dúvidas,
olhava-me ternamente em noites de desespero,
e ajudou-me a inundar a alma de singeleza,
entender que muitas das vezes, nada se perde,
deixa-se pelas margens do caminho,
tudo que nos importuna,
machuca, constrange, e desgasta.
O tempo pode ter sido até inexorável na velocidade,
mas consegui entender que nada perdi pelo caminho,
só fui deixando as minhas sobras,
e tudo me foi espetacular,
surpreendi-me... com o que a vida me ofereceu,
e o quanto consegui amar.
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O QUE PERDEMOS PELO CAMINHO
domingo, 16 de agosto de 2020
RECOMEÇO EM MIM
Que
tenhas tempo para o silêncio,
e a solidão...
São dois lugares mágicos,transcende a lógica, e o descritível,
esvaziam o peito, mas liberta a alma,
e livre, ela devaneia no lúdico,
e depois distancia do fútil, não mais coleciona ninharias,
e a solidão...
São dois lugares mágicos,transcende a lógica, e o descritível,
esvaziam o peito, mas liberta a alma,
e livre, ela devaneia no lúdico,
e depois distancia do fútil, não mais coleciona ninharias,
e
vê, que tudo é uma enlouquecida ilusão.
Que
tenhas tempo para negociar com o existir,
e se encontrar...
Não acredites no inelutável,
lance-se ao acaso e em todos os temporais,
recapitule o que já viveu,
descarte as desnecessidades,
em nada há um desfecho, ou como fazer melhor,
reedifique tudo que possa esperançar.
Que tenhas tempo de curar as feridas profundas,
as magoas descabidas...
E possa resgatar amores perdidos,
e tê-los novamente dentro de si mesmo,
isso preenche nossos vazios, ameniza a nossa solitude,
auxilia-nos a atravessar nossos desertos,
aquecer nossos abraços,
e permitirá até oferecer nossos adeuses nas partidas.
Que tenhas tempo de inundar a alma de amor,
e os olhos de ternura...
Saiba, fugaz é o caminho, efêmero o riso,
podes não dar tempo de ser feliz.
Alguns coisificam a emoção,
amealham o tangível e esquecem o afago,
esmolam afeto, sem saber manifestar carinho,
perdem a sutileza do encontro, perdem a candura.
Que tenhas tempo para um dia dizer:
- de todas as descobertas, enfim,
a mais sublime,
a que mais me estremeceu,
rompeu a minha escuridão,
foi quando tudo clarificou aqui dentro,
e descobri que se tiver que recomeçar.
- recomeço em mim.
e se encontrar...
Não acredites no inelutável,
lance-se ao acaso e em todos os temporais,
recapitule o que já viveu,
descarte as desnecessidades,
em nada há um desfecho, ou como fazer melhor,
reedifique tudo que possa esperançar.
Que tenhas tempo de curar as feridas profundas,
as magoas descabidas...
E possa resgatar amores perdidos,
e tê-los novamente dentro de si mesmo,
isso preenche nossos vazios, ameniza a nossa solitude,
auxilia-nos a atravessar nossos desertos,
aquecer nossos abraços,
e permitirá até oferecer nossos adeuses nas partidas.
Que tenhas tempo de inundar a alma de amor,
e os olhos de ternura...
Saiba, fugaz é o caminho, efêmero o riso,
podes não dar tempo de ser feliz.
Alguns coisificam a emoção,
amealham o tangível e esquecem o afago,
esmolam afeto, sem saber manifestar carinho,
perdem a sutileza do encontro, perdem a candura.
Que tenhas tempo para um dia dizer:
- de todas as descobertas, enfim,
a mais sublime,
a que mais me estremeceu,
rompeu a minha escuridão,
foi quando tudo clarificou aqui dentro,
e descobri que se tiver que recomeçar.
- recomeço em mim.
ARI MOTA
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RECOMEÇO EM MIM
segunda-feira, 27 de julho de 2020
EM QUE ALMA EU EXISTO
nesse silencio, que me devora,
que descortinei em que alma... eu existo.
Obvio foi... depois de algumas tempestades,
algumas descrenças... que não mais me apavora,
e nem me faz descobrir em que momento eu desisto.
Mas pudera... extenuei de tanto narcisar,
até avistar que aquele no espelho... não era eu,
tudo que via era raso, era do tamanho da minha insensatez.
Evidente foi... um desespero encontrar a minha fundura,
e tudo estava ali... lá dentro... e tudo era meu,
o melhor que poderia ser, e tinha que brotar com solidez.
Foi nesse vazio que me achei,
nessa quietude descomunal que renasci,
não havia poesia, nem delicadeza, nem emoção.
O embate íntimo foi imperceptível,
doeu sem sangrar, dilacerou... mas resisti,
hoje, nada me é... aflição.
Foi nessa ilusão que me desperta,
nesse disparate que é sonhar,
que a vida me provoca e me atiça.
Cuido tanto da minha alma,
que vez em quando, lembro-me do corpo e vou andar,
temos um caso às escondidas, e ela me enfeitiça.
Foi nessa solidão que me assusta,
que deparei com a minha alma... nítida energia,
acalenta-me, me apruma... fez-me o que sou, enfim.
Ela me faz possuir excessos, transcende de tudo que sei,
e ando distribuindo para os meus amores, em demasia.
- e entro em êxtase, quando eles, apoiam-se em mim.
Foi nessa exorbitante descoberta,
nesse universo que não se vê, nesse imprevisto,
nesse recanto que escondo a minha cortesia,
que visceralmente está a minha alma, e eu existo.
Ari
Mota
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EM QUE ALMA EU EXISTO
domingo, 14 de junho de 2020
RESSURGIR
De
súbito tudo parou...
Foi um
desatino existencial,
e
verdade foi que, ninguém tinha para onde ir.
A
maioria correu para a insensatez,
poucos
recorreram da ciência,
e quase
ninguém correu para dentro de si mesmo.
Que
disparate a invisibilidade do inimigo,
de tão
ínfimo, o vírus passeou livre pelo mundo,
ameaçou
os lúcidos, fez ri os incautos.
Perdemos
a clareza, a inercia nos envolveu,
fez-se
uma enorme anarquia na alma,
uma
desordem conceitual.
Mas, não
se enganem...
Mesmo
com esse desvario todo,
esse
medo profundo,
a
oportunidade foi incomensurável,
tudo foi
uma angustia descabida:
- Só foi
para nos despertar,
e nos
provocar a ressurgir.
E nos
fazer não só esterilizar a carne,
mas,
causar uma assepsia por dentro... na alma,
o maior
de todos os abrigos,
um lugar
onde se guarda toda a resiliência,
de onde
se sai, para enfrentar as tempestades.
Que
saibamos ressurgir... e enternecer cada gesto,
fazê-los
intenso, sem dramatizar o destino.
Que
saibamos orquestrar com prudência os pensamentos,
e
preencher com destemidez todos os nossos desertos,
perfumando
mais as palavras,
aromatizando
mais o olhar,
e
diligenciando mais o silencio.
Que
saibamos ressurgir... sonhando mais,
se
amando mais, cuidando mais... do outro.
Que
saibamos sentenciar menos,
lendo
mais,
para
fugir de conceitos, dogmas e paradigmas:
- Há um
portal aberto a nossa espera,
poucos
irão passar, poucos irão entender,
não
somos daqui, nem aqui vamos ficar,
só
estamos de passagem, viemos para evoluir,
e se...
pretende criar raízes,
que as
plante... visceralmente dentro de alguém,
muitos
já esqueceram,
desse
grão que se semeia na alma, dessa energia:
experimente
ressurgir com amor.
Ari Mota
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RESSURGIR
quinta-feira, 28 de maio de 2020
O CONTAGIO
Que depois
do medo...
Possamos
ter uma revanche:
- Desnudaram-nos,
viramos
uma estatística,
amiúde,
ficamos invisíveis... ninguém,
foi uma
barbárie,
coisificaram
nossas almas,
estreitaram
nossos sonhos com desdém.
Que depois
do medo...
Depois
de tudo que nos apequenou,
possamos
ir à desforra,
e que
ela tenha o amparo da lucidez,
esteja
escorada em singelezas,
e
sejamos os únicos artíficie da imensa mudança,
e que
ela inicie lá dentro, se irrompa como um vulcão,
principalmente
agora que descobrimos,
a
importância das miudezas.
E que o próximo
contágio... seja de delicadeza,
e
doravante estampemos de afeto à vida,
e que o
abraço ultrapasse o corpo,
e chegue
até a alma,
e o
olhar seja de ternura... não machuque,
nem seja
de indiferença,
e as mãos
não sejam instrumentos de sofreguidão,
e sejam utilizadas
para socorrer, estender leveza,
alargar
a proteção,
e o sorriso
seja revestido de brandura,
espalhe
sutileza,
acuda
quem chega arrastando a solidão.
Que o
encontro nos estremeça, e a alegria nos aprisione,
contagie
visceralmente nossos sonhos,
e
possamos saber onde esconder o nosso silencio,
nossa
calma,
e nossa
inocência nunca nos devore,
e toda a
incerteza seja combatida pela...
resiliência
da nossa alma.
E que a
grande revanche, a imperecível desforra:
- venha
contaminada de mansidão,
permita-nos
ser mais compassivo,
ser mais
contemplação,
e a
metamorfose irrompa de dentro, sem nada impor,
e
fiquemos outro e melhor,
e o
mundo possa conhecer-nos outra vez.
Que
sejamos contaminados por um vírus,
e não
tenha nenhum antídoto para nos curar:
- E que
esse contagio possa nos desentorpecer de amor.
Ari Mota
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O CONTAGIO
domingo, 19 de abril de 2020
O MUNDO DEPOIS DA SOLIDÃO
Olhei...
Para o
mundo... e ele estava ali sepulcral,
vazio,
o
silencio me doeu,
ardeu
como noites de abandono,
me vi...
sem alguns dos meu amores,
abriu um
vão aqui dentro...
um nada...
colossal.
Tive que
redimensionar os sonhos,
redescobrir
o existir,
e
olha... eu já vinha fazendo isso,
virei
poeta, deixei de coisificar os desejos,
- Só que
esse momento é impar,
saio à
rua e não encontro ninguém,
o que
nos foi oferecido nos assusta, e tudo é fugaz,
como um
raio em noites de temporal,
posso
desaparecer sem se despedir.
Mas
aí... eu... estava quase... esquecendo,
tenho a
resiliência como companhia,
tenho
umas obras inacabadas,
e ainda
não é tempo de partir.
Sabe o
que vou fazer?
Com o
mundo depois dessa solidão?
Vou me recarregar
de mais leveza,
cuidar com
mais desvelo,
os
jardins que carrego na alma,
desses
devaneios, desses delírios inocentes,
que se
avizinham a uma doce loucura,
mas,
amenizam a minha aflição.
Vou ter
mais olhares que cicatrizam,
e mais
palavras que se silencia,
vou
emudecer mais, somatizar mais ternura,
revivificar
a minha própria luz,
robustecer
a paixão pela vida,
e viver
cada dia com mais brandura.
Olhei...
Para o
mundo... e ele estava ali... frágil,
intenso...
regenerando almas,
restaurando
valores, temperando sentimentos,
permitindo
congraçar consigo mesmo a própria historia.
Sabe o
que vou fazer?
Com o
mundo depois dessa solidão?
Vou
levar menos peso, abrandar todas as angústias,
e tudo
será vivido com mais esplendor.
Percebi
que aquele que não se regenerou,
viverá
vagando por aí, como um apedeuta,
sem
amor.
Ari Mota
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O MUNDO DEPOIS DA SOLIDÃO
domingo, 22 de março de 2020
RESSIGNIFICAR A ALMA
Que...
de todos os embates,
percebas
que o mais difícil... o mais intrépido,
foi
olhar dentro de si mesmo,
descobrir
esse refúgio,
e se
encontrar...
- assim,
deste jeito...
com os
seus medos, seus segredos,
ora
efêmero... como uma ventania,
e muitas
das vezes... tênue como uma porcelana,
mas,
intenso na sua teimosia.
É que...
de todos os lugares,
esse
essencialmente é o mais profundo,
impenetrável...
em noites de desespero,
mas,
acessível em madrugadas de solidão,
é... de
todos os abrigos,
o que
mais oferece aconchego,
acalenta
a alma, silencia o grito,
armazena
leveza,
e tem uma
sinergia que redesenha os sonhos,
afogueia
o existir, e traduz tudo em delicadeza.
Que...
de todos os embates,
esse
terás que, agarrar com mais desvelo,
- será o
de ressignificar a própria alma,
torná-la
silêncio,
fazê-la
amplidão,
e edificar
ali... um templo,
uma
fonte de suspiros, de emoção,
onde
terás que plantar ousadia, ser resplendor,
e
derramar luz em todos os caminhos,
e ter
como frequência... o amor.
E que
depois de tudo... de todas as batalhas,
descubra
que o perfeito dia... é hoje,
e o
melhor lugar do mundo, é aí dentro,
onde
reside a força que te faz... jamais desistir,
onde se
replanta quietude, e colhe atrevimento,
onde se semeia
calmaria, e repovoa os desertos,
e nutri-se
de contemplação,
te faz vibrar
com o por sol, e o cair da noite,
e te faz
estremecer com a sutileza das estrelas.
- É onde
se despeja toda a aflição.
Ari Mota
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RESSIGNIFICAR A ALMA
domingo, 26 de janeiro de 2020
ANJO ENLOUQUECIDO
Ele
sempre foi angelical,
sempre
me olhou com ternura,
e com
candura...
colocava
emoção onde a frieza queria moradia,
e me
sacudia em noites de solidão.
Ele veio
me consertando ao longo da minha vida,
a fez
livre e atrevida...
nunca me
permitiu voltar à velha estrada,
e dizia:
se reinvente, tente... antes de partir,
mas, não
passe no mesmo caminho,
nem que
sozinho... tiver que seguir.
Ele sempre
foi o meu emocional,
de todas
as vezes que me direcionou,
o melhor
atalho foi quando me levou... a mim,
- foi o
melhor lugar que cheguei,
e o que me
fez ser, o que hoje sou.
E ele
veio me consertando, reconstruindo,
e em uma
dessas madrugadas de desespero,
em silencio
e sem exagero...
ofereceu-me
companhia.
- uma louca
bailarina e duas borboletas,
e inundou
a minha alma de calmaria.
Ele
sempre esteve no meu ritual,
nunca me
permitiu apequenar,
sempre me
desafiou... a amar,
mas...
carrego um segredo,
que às
vezes me dá medo...
acho que
este meu anjo, enlouqueceu,
ou virou
profeta...
anda orientando-me
a só carregar... leveza,
e em delicadeza
sentir a fugacidade do tempo,
a
brevidade do existir,
e
prosseguir assim, como um menino, um poeta.
E
assim...
Ando descarregando
alguns fardos,
e tenho
abandonado pelo caminho...
esses
ressentimentos que grudam na alma,
essas
culpas que aderem na consciência,
esses
juízos que tiraram a minha calma,
essas
sentenças descabidas,
e de dentro...
toda a violência.
Ando por
aí, mais leve, flutuo às vezes,
esbarro de
vez quando em estrelas perdidas no céu,
esvazio-me
com todo o esplendor,
e no
lugar... ando completando com amor.
Ari Mota
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ANJO ENLOUQUECIDO
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