domingo, 26 de janeiro de 2020

ANJO ENLOUQUECIDO

Ele sempre foi angelical,
sempre me olhou com ternura,
e com candura...
colocava emoção onde a frieza queria moradia,
e me sacudia em noites de solidão.
Ele veio me consertando ao longo da minha vida,
a fez livre e atrevida...
nunca me permitiu voltar à velha estrada,
e dizia: se reinvente, tente... antes de partir,
mas, não passe no mesmo caminho,
nem que sozinho... tiver que seguir.

Ele sempre foi o meu emocional,
de todas as vezes que me direcionou,
o melhor atalho foi quando me levou... a mim,
- foi o melhor lugar que cheguei,
e o que me fez ser, o que hoje sou.
E ele veio me consertando, reconstruindo,
e em uma dessas madrugadas de desespero,
em silencio e sem exagero...
ofereceu-me companhia.
- uma louca bailarina e duas borboletas,
e inundou a minha alma de calmaria.

Ele sempre esteve no meu ritual,
nunca me permitiu apequenar,
sempre me desafiou... a amar,
mas... carrego um segredo,
que às vezes me dá medo...
acho que este meu anjo, enlouqueceu,
ou virou profeta...
anda orientando-me a só carregar... leveza,
e em delicadeza sentir a fugacidade do tempo,
a brevidade do existir,
e prosseguir assim, como um menino, um poeta.

E assim...
Ando descarregando alguns fardos,
e tenho abandonado pelo caminho...
esses ressentimentos que grudam na alma,
essas culpas que aderem na consciência,
esses juízos que tiraram a minha calma,
essas sentenças descabidas,
e de dentro... toda a violência.
Ando por aí, mais leve, flutuo às vezes,
esbarro de vez quando em estrelas perdidas no céu,
esvazio-me com todo o esplendor,
e no lugar... ando completando com amor.

Ari Mota


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