segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

APROXIME MAIS DE VOCÊ

Precisamos... mesmo, é não ter nenhum paradigma,
e partir para cima da vida... viver,
ter a coragem de dizer: esse sou eu...
- Bem vindo a minha loucura,
só posso compartilhar o meu silêncio,
a grandeza da minha pequenez,
o que eu tinha de selvagem... e virou brandura.

E compreender... que existir é uma absoluta doidice,
uma efêmera extravagância,
uma excêntrica viagem,
e que num dado momento tudo passa a ser paradoxal,
esquecemos de viver nossos instantes,
para gerirmos nossos vazios, nossa solidão,
e às vezes vitimamos em demasia,
e passamos a vagar como um ser espectral.

Existir... é mais que isso.
É cercar-se de gente feliz, profunda,
é contornar as vicissitudes como um menino,
amar reinícios, celebrar recomeços,
tomar de assalto o controle da própria alma,
não permitir que ofusquem o fulgor dos olhos,
nem a indescritível beleza que carregamos por dentro.
- É... não estar nem aí com os tropeços.

Que não fiquemos refém do princípio,
como se não houvesse fim,
e pudéssemos levar alguma coisa,
essas quinquilharias que se junta em vida.
Não podemos esquecer que só é possível levar leveza,
as sutilezas conquistadas, os afetos distribuídos,
os sonhos compartilhados, os desafios vividos,
e a doçura da cama repartida.

Temos que observar os sinais do caminho,
e distanciar de tudo que não nos complete,
de tudo que não nos dê arrepio, estremeça a alma,
de tudo que nos provoque dor,
e manter esse infinito capricho... que é ser feliz,
e resistir esse coisificar da vida,
aproximando mais de si mesmo,
reedificando a alma e reeditando o amor.

Ari Mota


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