Primeiro
foi a distancia...
E veio o
desespero em ficar sem o abraço,
- e nasceu
um vazio descomedido,
e um encontro
abrupto com os nossos desertos.
Depois
foi o toque...
Brotou
um abismo entre o calor dos corpos,
- um
nada, que nos aparta,
um
separar que nos apavora.
E como
se não bastasse... e, em disfarce,
pregaram-nos
uma máscara na cara,
e
extraíram... o riso,
arrancaram...
dos lábios o beijo,
asfixiaram...
a alma,
- E
tudo, nublou, sufocou a expressão,
mutilou
a linguagem corporal,
e por
pouco não intimidou o nosso amor,
inibiu o
nosso afeto,
desconstruiu
os nossos sonhos,
ofertando-nos,
a solidão.
De
repente… só nos sobrou os olhos,
que a
muito perdera o brilho,
e quase
apagou,
entorpeceu-se
de tanto ouvir a boca balbuciar tolices,
palavrear
vazios,
e com
ludíbrio nada dizer.
De
repente... só nos sobrou os olhos,
é hora
de redimensionar o olhar,
fazê-lo
ressurgir.
Por
tempos...
toda a
comunicação da alma emergia dele,
toda a
manifestação de amor exalava dele,
o seu
silencio tinha voz,
seu
luzir provocava mansidão.
De
repente... só nos sobrou os olhos,
e nossos
ancestrais já diziam:
Olhos
não mentem, nem enganam,
resplandecem...
quando felizes,
murcham...
quando magoados,
ficam sombrios...
quando sozinhos,
e em
estase... quando amam.
Como
só... sobraram-nos os olhos,
que ele
nos revele tocar com a alma,
outra
alma,
e nos ensine
a contemplar com gratidão.
Ari Mota
terça-feira, 1 de dezembro de 2020
SÓ SOBRARAM OS OLHOS
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