Possamos
ter uma revanche:
- Desnudaram-nos,
viramos
uma estatística,
amiúde,
ficamos invisíveis... ninguém,
foi uma
barbárie,
coisificaram
nossas almas,
estreitaram
nossos sonhos com desdém.
Que depois
do medo...
Depois
de tudo que nos apequenou,
possamos
ir à desforra,
e que
ela tenha o amparo da lucidez,
esteja
escorada em singelezas,
e
sejamos os únicos artíficie da imensa mudança,
e que
ela inicie lá dentro, se irrompa como um vulcão,
principalmente
agora que descobrimos,
a
importância das miudezas.
E que o próximo
contágio... seja de delicadeza,
e
doravante estampemos de afeto à vida,
e que o
abraço ultrapasse o corpo,
e chegue
até a alma,
e o
olhar seja de ternura... não machuque,
nem seja
de indiferença,
e as mãos
não sejam instrumentos de sofreguidão,
e sejam utilizadas
para socorrer, estender leveza,
alargar
a proteção,
e o sorriso
seja revestido de brandura,
espalhe
sutileza,
acuda
quem chega arrastando a solidão.
Que o
encontro nos estremeça, e a alegria nos aprisione,
contagie
visceralmente nossos sonhos,
e
possamos saber onde esconder o nosso silencio,
nossa
calma,
e nossa
inocência nunca nos devore,
e toda a
incerteza seja combatida pela...
resiliência
da nossa alma.
E que a
grande revanche, a imperecível desforra:
- venha
contaminada de mansidão,
permita-nos
ser mais compassivo,
ser mais
contemplação,
e a
metamorfose irrompa de dentro, sem nada impor,
e
fiquemos outro e melhor,
e o
mundo possa conhecer-nos outra vez.
Que
sejamos contaminados por um vírus,
e não
tenha nenhum antídoto para nos curar:
- E que
esse contagio possa nos desentorpecer de amor.
Ari Mota
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