terça-feira, 26 de novembro de 2019

O BATER DAS ASAS

Que possamos observar os pássaros,
espelhar em todos os seus voos,
eles sabem que antes... do bater das asas,
é necessário se jogar,
lançar-se no vazio, sem medo,
e só depois abrir as asas e voar.

E existir é isso,
temos que arremessarmo-nos,
e como nossa essência é outra,
nosso voo só pode ser para o interior,
atirar-se para dentro de si mesmo,
sem saber aonde ir e com todo o destemor.

Mas, que nesse voo...
consigamos reconhecer nossos fantasmas,
atravessar nossos desertos,
e lidar melhor com a nossa solidão,
só assim desnudaremos nossas incertezas,
nossa infinita mansidão.

E que nesse imergir,
interpenetrem em nossas almas... luz e lucidez,
e que tudo isso... sejam nossos excessos,
e possamos realmente nos encontrar,
quem não se joga... não se acha,
não consegue encontrar ninguém para amar.

Que tenhamos coragem de nos olhar,
e mensurar nossa pequenez,
o quanto ainda temos para desembrutecer,
o quanto nos falta de leveza, de candura,
dos resquícios de desespero que ainda nutrimos,
e da ausência de sentimentos e ternura.

Que antes de bater as asas,
saibamos nos jogar por inteiro... para a vida,
e jamais sejamos um quase, um talvez,
que tudo seja intenso, tenha inteireza,
e que tudo acabe em pleno voo,
existir basta se jogar, sem nenhuma certeza.

Se jogar... é estar em sincronismo com a dúvida,
é não desistir,
que tudo isso... seja puro e ousado,
que não tenhamos medo do medo, nem da dor,
que a ousadia nos provoque,
e nunca nos faça ignorar o amor.

ARI MOTA



Um comentário:

Renata disse...

Oi Ari!
Gostaria de saber se a descrição do seu perfil foi você mesmo quem escreveu.
Acabei de achar seu blog e li pouca coisa, mas o pouco que li já me encantou.
Você sabe se expressar muito bem através das palavras. É algo quase mágico.

Tenha um ótimo dia!