As
palavras às vezes me fogem...
perdem-se
na imensidão do que sinto,
apequena-se
diante dos gritos que silencia,
e fico
ali... meio que a deriva,
não sabendo
o que fazer com a tela vazia.
Escrever
o quê, e para quem...
e aí,
recordo que comecei escrevendo para mim,
e foi
quando pactuei com a minha solidão,
e olha,
já dançamos juntos em noites de desespero,
e hoje,
não sofremos mais de lonjura, nem de aflição.
Vim,
preenchendo esse vão que residia na alma,
como não
sei mensurar a grandeza de dentro,
esmero-me
em nutri-la de ousadia a todo o momento,
e quanto
mais volátil, mas me descubro... acho-me,
amo,
este que me tornei, e este é meu alento.
As
palavras às vezes me fogem...
escondem
na infinita dúvida do existir,
emudeço...
só falo com os olhos, sou contemplação,
toda a
minha transcendência se voltou para o interior,
é ali,
que guardo toda a minha emoção.
E o que
sinto é maior que todas as palavras,
declaro-me
em silêncio, ninguém ouve minha voz,
fiquei isento
de qualquer discurso, de qualquer poesia,
os meus
humanos favoritos são tão poucos, que me assusta,
- uma
bailarina louca e duas borboletas... que honraria.
As
palavras às vezes me escapam...
mas,
hoje envelhecido não necessito tanto delas,
cuido mais
da minha quietude,
quando verbalizo,
enalteço... falo de resiliência,
e espelho
a minha atitude.
As palavras
às vezes não se aproximam...
e às vezes
penso não mais escrever,
principalmente,
nesta tela fria de computador,
mas aí, deparo
com os meus amores,
e vejo
que não bastam as estrelas,
para escrever
e falar de amor.
Ari Mota
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