segunda-feira, 9 de julho de 2018

QUE DOIDICE FOI O NOSSO AMOR

Que doidice foi o nosso amor,
fluiu como uma brisa descomprometida,
foi quietude juvenil, segredo pueril,
e sobreviveu a todo esse tempo,
e de tão simples,
transformou-se numa extravagância,
de tão singelo,
tornou-se excêntrico, incomum,
e de sereno virou uma infinita elegância,
e desmedido, espelhou o absurdo de cada um.

É... olhando tudo isso, e amarmos com amamos,
vejo que temos com a doidice uma relação visceral.
É que, nós gostamos desses doidos,
esses selvagens e inocentes,
que ao escrever a sua vida,
- só utilizam-se de vírgula, e reticências...
e amam como nós,
desconhecem o ponto final.

Gostamos desses doidos que não nos olham com aflição.
Fitam-nos com ternura e leveza,
e sutilmente compartilham o silêncio e o riso,
desconhece a nossa utilidade,
e nada quer de nós,
tampouco, oferece-nos para beber,
a própria solidão.

Gostamos de gente leve,
que tem o peso de uma pluma,
a suavidade de uma flor.
Esses que nos tocam sem esbarrar na nossa pele,
e nos desperta os reinícios,
esses que não culpam o destino,
esses que amam suas escolhas,
- gostamos mesmo é de gente distraída, desarmada,
que falam de poesia e amor.

Gostamos de quem consegue nos ver com a alma,
esses que não estão nem aí,
com a nossa loucura,
nem com a nossa lucidez,
seja lá o que for.
Gostamos dos desavisados,
esses que não nos patrulham,
só nos recepcionam com candura,
mesmo sabendo deste desuso sentimento que temos:
- a doidice do nosso amor.

Ari Mota



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