terça-feira, 7 de agosto de 2018

O TAMANHO DA ALMA

Que tenhas clareza,
com o tamanho do caminho.
Existir é uma viagem que não tem como voltar,
nem tão pouco, saber aonde ir.
Mais parece uma insensatez desmedida,
uma aventura fugaz,
um ceticismo indizível,
que pode nos deixar sozinho,
se esquecermos de amar.

Que tenhas leveza,
com o tamanho da solidão.
São abatidos, os que se esvaziam,
esquecem de sonhar,
perdem as paixões, o êxtase em existir,
a resiliência em enfrentar os vendavais.
Tens é que desfilar por aí, louco e livre,
nem que transite absolutamente só, na multidão,
como um atrevido, só para se encontrar.

Que tenhas certeza,
do tamanho do irreal.
Estamos fartos de amigos virtuais,
de abraços que nunca chegam,
de ausência do beijo e do calor da pele.
Perdemos até a fragrância dos perfumes,
ficamos prisioneiros de um monitor.
E tudo ficou desconexo, o afeto ficou banal,
e o encontro, resumiu-se em atrações digitais.

Que tenhas lucidez,
com o tamanho da sua ousadia.
Não simule uma felicidade inatingível,
sinta todas as dores e todos os medos,
rasgue-se em riso de todas as incertezas,
abisme o inquietar de fora, com a calma de dentro.
Perpetue a audácia em sempre recomeçar,
transmudando o desespero em calmaria,
e tendo como provável... o impossível.

Que tenhas na alma,
quietude e resplendor.
E saiba desfrutar dessa existência,
não tente nem ir, nem voltar,
ela é única, porque ela é agora,
e, é a mais efêmera de todas as viagens.
E não saia destilando magoa, nem rancor,
e se tiver que enfurecer...
Se tiver que explodir... que seja de amor.

 Ari Mota


Um comentário:

Lucinalva disse...

Bom dia, Ari
Belo poema, abraços.