terça-feira, 8 de maio de 2018

SÓ OS INTENSOS VIVEM ASSIM...

Como o tempo me ensinou...
Hoje, ao despertar para viver mais um dia,
olho em minha volta, e deparo com duas criaturas:
Fitam-me com desejos, apetecem por mim,
cobiçam o meu eu, minha alma.
E uma, atrevida, já está de braços dados comigo,
sussurra coisas insanas,
toca a minha pele suavemente,
implorando a minha decisão,
e parece uma disputa corporal,
puxa-me, quase me arrasta,
e diz que não vai me deixar na solidão.
Mas, com medo de outros tantos erros, desconfio,
ela não está me oferecendo tempo para a escolha,
mais parece um vendedor de utopia,
verbaliza coisa sem nexo, coisas que não presta.
A outra apenas me olha com amor... silencia.
São criaturas mitológicas do meu interior,
paradoxais na minha vida.
- Uma é a tristeza, a outra a alegria.
Não tenho duvidas,
escolho a segunda e saio enlouquecido,
para viver aquele dia,
e o que ainda me resta.

Como o tempo me ensinou...
Amanhã, aquelas criaturas estarão ali,
uma perplexa, me esperando.
A outra, em quietude me olhando.
E todos os dias, é isso, tenho que decidir,
um eterno disparate.
Tenho que controlar as emoções,
e escolher... para sair.
Sei que, lido bem, com essas criaturas.
Verdade é que necessito das duas,
é no abismo entre elas,
que encontro o meu livre arbítrio,
e não me vergo em desventuras.

Ser feliz... é uma atitude, uma postura desmedida,
é enfrentar essas criaturas, até o fim,
e não deixar nada de pequeno nos consumir.
- É para os que tentam, insistem, com seus amores,
mas, também para os que depois de tudo, desistem,
tem a coragem de reiniciar,
de encontrar um novo abraço, a delicadeza de um novo beijo,
de uma nova perspectiva para a alma, e novamente amar.
Creiam... ser feliz é só para os atrevidos,
esses que mergulham dentro da alma, e fazem suas escolhas,
- e só os intensos vivem assim.


Ari Mota


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