terça-feira, 7 de novembro de 2017

EMPODERAR

Se tiver que empoderar... que o faça... para dentro,
silenciosamente.
Ocupe cada possibilidade de si mesmo,
cada expectativa... cada resquício de fantasia,
cada devaneio... cada ímpeto de loucura,
revire pelo avesso todos os seus delírios,
visceralmente.
E depois, invada seus vazios, inunde-os de ilusão,
sonhe como se estivesse em desespero,
e se for construir um templo... que seja dentro da alma,
e que seja o único refugio nos momentos de tempestades,
e que ele seja somente seu, intocável,
do tamanho da sua solidão.

Se tiver que empoderar... não o faça... para os outros,
não construa nada do lado de fora,
aprenda a não possuir nada,
arraste... somente o que precisas,
leve apenas e tão somente... singeleza,
tenha candura nas palavras e no olhar,
no mais... nada mais... antes de ir embora.
E depois, se errar, ria desesperadamente com leveza,
e se reinvente, para logo ali... fazer melhor.
E se o acaso emudecer-lhe, provocando... medos,
-quem perde a voz... ganha o silêncio,
passa a possuir profundidade.
Se apagarem as luzes... acenda as estrelas,
o seu fulgor tem que vir de dentro,
da sutileza dos seus segredos.

Se tiver que empoderar... conceda-lhe,
as próprias escolhas... seja líder de si mesmo,
sem ninguém saber.
Repense a direção e as emoções,
esquiva-se da escuridão... irradie luz,
essa coisa... mais adentro, intrínseca, invisível,
o que não dá para mensurar, nem ver.
Pense com força, rijeza... resiliência,
sem abandonar o singelo, o simples,
e sem muitas peripécias e nem imensas proezas.
A vida acontece neste instante,
é fugaz como uma ventania,
estúpida nos rouba a ousadia,
viver... é só para quem é artífice das delicadezas.
Se tiver que empoderar... descortine-se,
acautele-se com o que pensas, e a palavra que verbaliza,
pondere a medida do “não” e a grandeza do “sim”
reveja o sentido que caminhas,
a vida acontece no seu decorrer,
ela só é igual no fim.


Ari Mota


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