Lá
naqueles tenros anos,
quando
não conseguia fazer da vida um ritual,
eu já o
percebia orbitando em mim,
e eram
sinais vindos de lugar nenhum,
chegavam
frágeis, sem muita robustez.
E o
tempo voraz, foi-me seduzindo,
e quase
sucumbi a sua ligeireza,
sem
perceber que tudo vinha de dentro,
desse
íntimo visceral.
E hoje,
depois de tantas estações,
de
tamanha resiliência,
ele
ressoa intenso no meu interior,
faz-me,
permitir momentos de silêncio,
e de
contemplação.
De descoberta
dos próprios limites,
do tão
exíguo, é o meu existir,
do tão
pequeno, é a minha altivez,
e de
poder ser tão vazio, a minha essência.
Para não
fugir de mim, nem sofrer de longitude,
tive que
mudar incessantemente.
É que,
quase me perdi com tantos caminhos.
Tive que
celebrar o romper do sol e o seu crepúsculo,
e andar
comemorando a vida,
desde
quando, casualmente descobri sua finitude.
Passei a
ornamentar a minha alma,
de
poesia, loucura e leveza.
Compreender
que nada posso levar,
nem juventude,
nem velhice, nem minha pseudo beleza,
e se
deixar, somente a sutileza dos meus carinhos.
De todos
os sinais que recebi, e rituais que pratiquei,
compreendi...
que tive que emprestar o colo, repartir a solidão,
recepcionar
borboletas, uma louca bailarina e um beija-flor,
e me banhar
por dentro, promover uma assepsia na alma,
entender
que poucos foram os que amei, e não foi minha a ilusão.
E achar
que fiz da minha vida um espetáculo,
tudo que
edifiquei... não pude e nem posso tocar,
o que
construí foi tudo subjetivo,
jamais
poderei perder, ou alguma coisa esquecer,
tão pouco
alguém me roubar.
E o que
na verdade sobrou, permaneceu como sinal da vida,
e foram
dois, apenas dois... imensos sentimentos:
Um era o
ódio, e eu escolhi o outro:
o amor.
ARI MOTA
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