Foram
muitos... os adeuses,
vim
despedindo-me... por quase toda a minha vida.
Para uns
até tive tempo de um... até breve,
para
outros... apenas desapareci.
Fiz tudo
isso, sem nunca ter indo embora,
nunca
mudei de lugar.
É que,
vim... desvestindo-me... de mim,
permutava-me...
sem parar,
e sempre
me substituía, quase por minutos, por hora,
era um
repaginar sem igual,
redefinia-me
sem ninguém saber,
redirecionava
as expectativas,
e tudo
aquilo que me apetecia,
e me
deixava a cada instante, mudava copiosamente,
e abandonava
tudo que me definia... sem querer.
Um
dia... inadvertido diante do espelho,
não me
lembro do tempo, não trago de cor,
mas,
despertou-me uma sensação de estranheza,
não sei,
se me via com requinte, singular,
só sei,
que era uma imagem esquisita, tomada de beleza,
e tinha
uma aparência transmudada para melhor.
Na
descoberta... entendi dos meus adeuses,
das
minhas despedidas.
Eram dos
meus recomeços e não do meu fim,
como
sempre tentei outra vez,
e para
não perde o brilho, reverberava para dentro,
e em
resiliência... rebrotava-me,
eu
despedia do que fui ontem,
e nunca
de ninguém ou de mim.
Foram
transformações tamanhas, descomedidas,
vicissitudes
que só me fizeram crescer,
e poucos
foram os que... amei,
e souberam
das tempestades que encontrei,
e com
isso... abandonei certos olhares,
e me
apaixonei com a minha atitude,
acabei
amando essa solidão,
e nada
do exterior tem me ferido em demasia,
silencio-me
em vez de enfurecer,
abstenho-me
na hora de conjecturar,
não ando
recebendo como visita... a aflição.
Reflete
em mim... o que eu somente manifesto,
e ando distribuindo
estrelas, borboletas,
afagos,
ternura em noites de sofreguidão.
Não
tenho muito que reparar,
não
tenho que fazer nenhum ressarce.
Só sei, que
aos poucos,
estou tornando-me
o que gostaria de ser.
E tudo
isso... sem disfarce.
Ari Mota
Um comentário:
Ari querido,
Aqui de volta ao mundo dos blogs
e eis -me me encantando.
Impressionante essa tua farta distribuição de benesses em forma de prosa e poesia.
Sempre o admirei pelo dom de falar, não só com o coração; sua alma fala.
E você , neste mundo, sabe decodificar a sua linguagem.
E o leitor se nutre.
Se revitaliza , pois este é um momento sagrado_ quando uma alma se manifesta!
..."entendi dos meus adeuses, das minhas despedidas. Eram dos meus recomeços e não do meu fim"
Compreender nossos adeuses , sozinhos, e recomeçar , sozinhos
É extremamente belo.
Não precisa de espectadores, de explicações, de exposições... muda-se apenas!
Fala-se em busca interior_ o que é isto?
Aqui no seu texto encontrei uma transmutação ditada pela alma.
E alma é exatamente tudo isso que você nos relatou.
Beijos,
Lindo texto, como todos, sempre!
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