A vida foi me acontecendo...
assim...
e em tempo nenhum olhei tanto
em... solitude,
inventei que era das coisas
que arrastei pelas ruas,
dos bailes que não fui, das
bocas que não beijei,
das musicas que não ouvi, das
lembranças suas,
dos porres que não tomei, dos
desejos... das pernas nuas,
e depois, com muito espanto,
vi que... sofria de longitude,
estava com... ausência de
mim.
E a vida foi me espremendo...
assim...
foi produzindo vazios
existenciais,
uma ausência inoportuna...
chegava a me incomodar,
e, eu que prometi mesmo
sozinho, nunca ficar em solidão,
quase morria de saudade, de
vontade... e de algo encontrar,
e fiquei olhando o passado...
esperando alguém me alcançar,
e um dia... vi o tamanho do
abandono... intervalos abissais:
a distância que tomei... de mim.
A vida me aconteceu... como
se fora um indefinível... ardor,
levei um bom tempo... para me
freqüentar,
para proteger-me das
ventanias... entender as minhas agonias,
interiorizar-me, e descobrir
quem me habita,
e me amar para sempre...
provocando o que me... incita,
e fazer minha alma... rebrotar
todas as manhãs...
como quem se... reabilita,
e aprender... jamais me
perder... e a mim sempre reconectar,
e não caber em si... de amor.
A vida me aconteceu... assim
quando o cansaço me
alcança... reacendo a minha luz,
ergo-me depois dos tropeços,
mudo de rota...
dou uma demão na vida quando
ela desbota,
e com os meus reinícios... em
tudo, a vida...me reconduz,
pois, o melhor... inda, pode
estar dentro de mim.
A vida me aconteceu...
e o destino me permitiu o
reencontro,
sou uma obra ainda sem
desfecho... mas, este sou eu.
Procurei tanto, o que me
faltou tanto... que só eu sei
que de tanta teimosia,
me... encontrei.
Ari Mota
2 comentários:
As vezes nos abandonamos, esquecemos de nós, mas o reencontro é inevitável. Maravilhoso poema Ari, como sempre. Um bj carinhoso.
Meu querido amigo
E como é bom descobrir que ainda existimos e estamos de porta aberta à vida.
Como sempre as tuas palavras tocam-me.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
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