terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O TOQUE DO MEU OLHAR

Me... vi, assim... querendo ir embora,
esperando o destino me levar,
queria fugir de mim,
não queria ter começo... nem fim,
depois, o acaso me provocou,
quase me deixou no abandono,
não teve jeito... tive que me virar.
Me... vi, assim... e depois,
olhei para o medo como quem o devora,
calejei-me na impermanência do caminho,
mas, agigantei-me por dentro,
para descobrir a minha pequenez, e deixar de ser o centro,
passei a ser eu, a colher-me como se fora no... outono,
e rastelei as folhas amarelas, limpei a estrada... sozinho.
Me... vi, assim... vejo-me assim... agora,
e tudo valeu...
eu que pensei encontrar solidão,
deparei com os meus amores,
que amenizaram o meu cansaço, e estearam os meus temores,
e depois... aprendi a encurtar as distancias descabida,
as errâncias descomunais que às vezes ocasiono,
e que vez por outra... faz-me tremer de aflição.
Me... vi, assim... nesta perspectiva, nesta viagem afora,
encontrando “coisas e sentimentos”:
e da primeira... nada juntei, nem guardei,
mas da segunda, me... envolvi tanto... que tudo amei,
consegui somatizar leveza... e a tudo deixei livre,
e quem eu amo... não aprisiono,
e um segura o outro na hora dos ventos.
Me... vi, assim, querendo ir embora.
Me... vejo assim, precisando ficar.
Já quis fugir de mim,
hoje... estou lapidando... o melhor do meu fim.
Preciso ainda tanger outras vidas,
se não for possível com a pele,
o farei com a alma,
ou, com o toque do meu olhar.

Ari Mota

2 comentários:

Nádia Santos disse...

MA-RA-VI-LHO-SO! É sempre delicioso ler-te... Um bj e feliz 2014!

Nara Sales disse...

"e um segura o outro na hora dos ventos."

Das coisas belas que me fazem suspirar e agradecer por poder te ler.

Tudo continua alma e coração por aqui e isso é tão lindo.