quinta-feira, 22 de novembro de 2012

DEPOIS DA TRAVESSIA

Um dia, folheando a minha história...
Dei-me a fazer uma releitura da minha vida, do meu rumo.
Bom mesmo foi o riso... das quedas que tive, do descair do destino.
Dos medos descabidos, do insucesso, do revés do caminho.
Do descuido ao desafeto dos homens, do horizonte em desarrumo,
dos abraços entorpecidos pelo descaso, pelos beijos que não dei.
E tudo me pareceu solidão... mas foi o tempo que me avolumei.
Tornei-me maior, conheci a minha madures, aproximei... de mim.
E assim... e em retrospecto... sem fingir,
abri a primeira pagina do meu existir,
coloquei um ponto final, em tudo que nunca fui.
E em cadência... coordenei meus passos... para o alto,
e segui... como quem procura a melhor estrada, um universo meu,
um lugar onde possa orgulhar-me... de ser eu.
E fiz da minha alma um esconderijo dos meus anseios,
sem sofrer de aflição.
Na verdade errei muito pouco, corrigi o que me foi possível,
sem ferir, sem agressão.
E realinhei a trajetória como pude, não fiz nem menos, nem mais.
Não tentei corrigir a natureza das coisas, nem das pessoas.
Contemplei as diferenças e livre deixei todos os olhares.
A vida por vezes quis arrancar da carne a minha alma.
Mas, foi isso que fez pulsar, tanger como uma tempestade,
fugir do que me faz pequeno, do que me aprisiona e não me deixa livre.
Sobrevivi às ventanias, fiz da incerteza... alegria, do silêncio... calmaria.
Vivi... de forma veemente todos os instantes, amei com toda a voracidade.
Na descoberta... vi que a vida é apenas uma travessia.
Há... e depois, pode não caber lamento no que não se fez,
nem tão pouco desdizer, as palavras com as quais, conseguiu ferir,
nem menos ainda, emudecer quando podia nas partidas... despedir.
Depois da travessia...
Nada adiantará mandar flores,
se ao longo do tempo, nos momentos de vazio,
temporal, frio,
dar casualmente com uma distancia... um abismo,
entre você e seus amores.
Depois da travessia...
Nada tem valor...
Acabou o caminho, não tem como voltar,
inexiste a possibilidade de falar
de amor.

Ari Mota

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro caboclo, poeta e pai.
Simplesmente LINDO!
Amei tudo isso!!!

Bruno Mota

Denise disse...

Também faço de minha alma o esconderijo de meus anseios...enquanto aprendo esta resiliência sagrada que vc demonstra...e depois da travessia, muitas vezes ocorre o lamento do que se fez, justo pelo valor que lá existia...mas se acabou o caminho, não se tem mesmo como voltar...

Como disse teu filho Bruno, simplesmente lindo!
Beijo, Ari!