Sei que
o tempo me escapa,
não
consigo fazê-lo parar.
Trata-me
com desdém,
foge
como quem não quer companhia,
e com
sutileza nos rouba a juventude,
e em
quietude encarquilha a pele,
desbota
o cabelo, endurece o andar,
e não
tem o hábito de esperar ninguém.
Sei que
o tempo mais parece uma ventania,
quando
penso nele, ele já passou,
já
tentei descobrir a direção dos ventos,
mas, só
encontrei em meu caminho...velas entreabertas,
como se
as descobertas só dependessem de mim.
E assim,
passei a reescrever o meu existir,
viver
sem deixar pedaços,
passei
ser a soma do que sou,
desmedindo
todos os meus atrevimentos.
Sei que
o tempo me escapa,
e fui
aprendendo ludibriar a sua impetuosidade,
caminho
sinuosamente até contra o vento,
só para
esbanjar vida antes que ela silencie,
e me
distancie da dinâmica que é florescer,
amar em
demasia.
E assim,
me afasto do desespero, sou harmonia,
e em vez
de pedir... só faço por agradecer.
Sei que
o tempo me escapa,
mas ando
manuseando minhas velas com maestria,
sou
aprendiz de ajustador de velame,
ando
sabendo aonde chegar,
só
aporto nos braços de quem me ame,
escolho
o que colocar na alma, com toda a magia,
virei
silencio, calmaria,
ajustei
minhas velas para poder voltar.
Sei que
o tempo se esvai,
e não
estou nem aí, o deixo ir,
sei que
ele irá além de mim.
Já
ajustei as minhas velas,
para
elas, levar-me onde estão os meus amores,
esses
primores da minha existência,
esses
que amenizam a minha solidão,
e que
estarão comigo até depois de partir,
não permitido
que eu jamais tenha um fim.
Ari Mota
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