Nunca
tive tanta pressa como agora,
antes,
pensava que tudo era para sempre,
e que
poderia usar toda a extremidade do tempo,
toda a
lonjura das horas,
sem
temer o quanto é tênue o fim,
e que
jamais iria embora.
E hoje...
Sei como
tudo foi fugaz,
minha
vida foi uma ventania,
o meu
desassossego não é o temor dela terminar,
nem a
ânsia, em um cais aportar,
o que preciso...
É tirar
os excessos que ainda tenho na alma,
desapegar
de coisas pequenas,
e nela
colocar todas as minhas emoções,
arquivar
todos os meus medos e tudo que alcancei,
que
pressenti,
guardar
tudo que fui, tudo que sou,
o melhor
de mim, tudo que vivi,
tudo que
retrate toda a minha resiliência,
não quero
ficar em uma folha envelhecida de papel,
nem esquecido
numa nuvem virtual,
quero
que fique apenas em ti,
que flua
de maneira visceral,
a
coragem que tive, em ser feliz.
E que,
por mais que a vida me apertasse,
sufocasse
em noites de solidão,
não
hesitei em ir, continuar,
ganhar o
chão.
E compreendi
que todas as tempestades que passei,
foram
ocasionais,
e em sua
intermitência, eu corria para dentro,
e imerso,
escondia em mim mesmo,
e sereno
me reinventava,
e inadvertido,
revestia de brandura o olhar,
e
continuava.
E olha,
resisti, saí ileso,
estremeci
algumas vezes, eu sei,
e sempre
voltava a ser inteiro,
e
sobrevivia sem traumas estruturais.
Que eu
seja a leveza que flui sem ninguém sentir,
essas
que suavizam, aliviam o peito,
atenuam
a rudeza do dia,
que eu possa
estar em todos os lugares,
até na
minha poesia,
E que
para onde for,
o
excesso que carrego na alma,
seja só de
amor.
Ari Mota
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